terça-feira, 31 de julho de 2012

Enfeites

 
 
 
Nem é preciso máscaras venezianas
ou véus de odaliscas
só pelo andar da carruagem
eu já sei o que vem dentro ...

Adri Lima
 
 
 
( Imagem by   i Copó )

Poema para alienígenas



Não me interrompas
pronunciarei
dois hiatos soltos
de reinos distantes

duas vogais aéreas
em bocas bem abertas

chovendo entre palavras

oásis na certa...

A... aaaaa
O...oooo
unir-se o infinito

Há...de existir
a quem vai chegar
construirei palácios

A...
m...
O...
r....

A.m.O.r... que planeta estavas,que eu não te encontrava ??

 



Adriane Lima





Arte by  Jeanette Guichard Bunnel

Menina de flores



De esperas construia histórias
enchendo as mãos de estrelas
e conchas encantadas
no tempo desejos revelados

Nas horas mudas,falava com as mãos
e os ouvidos se abriam em flores
tinha doçura nos versos de amores
e para suas bonecas recitava-os

Nunca usou tranças nos cabelos
pois, neles nada parava
mas na cabeça,
um emaranhado de sonhos
por ela foram trançados

Vivia em um país encantado
bailava entre roupas gigantes
entre saltos altos se equilibrava
sonhando com o príncipe distante

Escrevia romances inacabados
por fortes lembranças, embrulhados
no papel desenhava estrelas
e um céu enluarado

Menina que sempre enlaçava sonhos
perfumes de infância viviam no ar
e entre eclipses coloria os dias
cruzava pontes entre céu e mar

Aprendeu a costurar o invisível
e só então entendeu
que de mulher sobrara bem pouco

De suas mágicas mãos
nasceram poesias
e nas poucas certezas
do infinito, várias vezes
abafou seu grito

Hoje,o silêncio
lhe acaricia a alma
tem medos que nem
sabe explicar

A arte faz parte
de seu novo mundo
onde faz voos
sem sair do lugar

Borboletas ainda voam
como em seu céu de antigamente
onde as crisálidas
abrem-se,diariamente
rasgando realidades e segredos

Poética e sonhadora
sempre foi menina errante
que avistava moinhos
em cataventos
poemas em origamis
que dobrava entre seus ais

O que a poesia lhe trouxe
isso ninguém vai lhe tirar
Fez dela criança ( e) ternamente
amante

ao se descobrir gigante
revisitando recomeços

 
 
Adriane Lima
 
 
  Arte by Kris Lewis 

Pré-amar

 
Já lhe disse homem
temos um amor incendiário
vidro em reflexo de aquário
um dentro, outro fora do lugar
somos peixes desejando amar

Deserto inundando falésias
fogo em alto mar








Adriane Lima





Arte by Chrisztof  Izdebinsk

Mentes em Metamorfoses



O tempo em mim
metamorfoseou borboletas
o peso da vida
o pouso nas letras

famintas verdades

que alimentei
me tiraram de casulos
onde me habituei

metáforas voadoras
foram-me
às vezes condutoras
dos voos ímpares

onde eu mulher

repousava em
mim mesma

cargas pesavam

e asas não
me levantavam
ao céu dos desejos

era uma borboleta

querendo corpo e coração

Não há porque
romper casulos
enfeitar crisálidas
se não se pode voar

Céu, além da imaginação...


 
Adriane Lima
 
( Imagem  by  Carol Carter )
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