quarta-feira, 20 de maio de 2015

A pele que me ensinaste

 
 
Tenho que agradecer
por ter me ensinado camuflagens
 
a alegria de não mais me pertencer
e estar assim
tão escondida entre dimensões
 
Tenho que agradecer
por saber viver na pele
tamanhas transformações
 
um eu dentro do que sou
um eu fora do meu lugar comum
 
seguir de ovelha
e matar leões
não fora, mas dentro de mim






Adriane Lima






Arte by Sergey Ignatenko 

Entrei de olhos vendados

 
 
Abri os olhos
e não enxerguei a minha alma
nem a tua
não faltava sol
faltava a verdade
 
Eu havia me tornado portadora
de uma miopia amorosa
sentia o coração doendo de fadiga
sozinha seguindo em frente
deixei a visão escurecer
e um tênue véu nascer
 
Diante de críticos cruéis
corvos, serpentes e chacais
que adentraram os quintais
onde plantei as mais belas flores
 
Aos poucos fui me cegando
não consultei minha razão
e minhas vontades antigas
 
Era mais seguro e confortável
manter meu sorriso de complacência
apagar meus desejos ardentes
para apenas sobreviver dentro da morte
 
Fazer apenas silenciosos diálogos
com todos os Eus que me habitam
estava cercada demais por animais
homens em seus pedestais
de Egos não corrompidos
 
Triste ter deixado me envolver
nessa cegueira da alma
porque no fundo
a escolha é sempre nossa
entre o dialético jogo
de enxergar e não Ver
 
 
 
 
 
 Adriane Lima







Arte by Wlodzimierz Kuklinski
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