domingo, 13 de janeiro de 2013
Livramento poético
Nunca suponha igualdade
nos sentimentos
até as mais belas siamesas
buscam asas separadas
entre as pausas do despertar
Sonham separar-se
assim que soar
o que supomos ser
um assombroso bisturi
Adri Lima
Arte by Catrin Welz Stein
Verso e fome
Pássaro em flor
ceia tranquilo
em teu peito
alimento-me
berçário onde conforto
o verso sublimado
a espera do rio abaixo
Adri Lima
arte by Brita Seifert
O peso dos pés
Era eu sobrando asas
era eu não sendo casa
era eu estendendo a mão
era eu tão andorinha
era eu ali sozinha
com mil pés de solidão
Adri Lima
Imagem retirada da net
Para Drummond
José, cada pedra do caminho
eu já me exercitei ao carrega-la
Para cada fim de festa
eu soube recolher as sobras
E agora José?
O que me resta
embrulhar a pedra com o rascunho
desse poema que acabo de fazer
quem sabe quebre a vidraça
dessa janela que cansei de ser ...
Adri Lima
arte by Emanuelle Brison
Testamento de amor
Era para você
aquele anel de turmalina
o livro de Cora Coralina
que ganhei de minha avó
o botão da rosa do deserto
o meu momento mais desperto
era para você
o disco da Nina Simone
o melhor pedaço do panetone
a mala desarrumada
jogada no canto do quarto
era para você
o sorriso do porta retrato
a frase decorada em francês
a camisola de bordado inglês
era para você
o travesseiro de lavanda
a seda para repousar a pele
cheirando pera e abricot
era para você
a tatuagem escondida na coxa
o trevo de quatro folhas
compondo meu patuá
era para você
a minha falta de juízo
o beijo mais preciso
e a nua imaginação
era para você
o pecado e a fome
o medo que me consome
de todos os verbos
que não conjuguei
era para você
a serenata feita em pensamento
o dia de chuva e meu lamento
do silêncio sem notícias
era para você
tudo em mim que desconheço
tudo que não tem preço
que guardei até aqui...
Adriane Lima
arte by Irina Vitalievna Karkabi
Amor a(o) lado
teu amor é retrato
quando me sinto menina
teu amor é flor
quando me banho em perfume
quando me banho em perfume
teu amor é luz
quando o túnel está fechado
quando o túnel está fechado
teu amor é aquarela
quando meu dia está nublado
quando meu dia está nublado
teu amor é raiz
quando me sinto aérea
quando me sinto aérea
teu amor é doce
quando me sinto azeda
quando me sinto azeda
teu amor é vento
quando me sinto sem ar
quando me sinto sem ar
teu amor é vigília
quando me perco no sono
quando me perco no sono
teu amor é abraço
quando estou em abandono
quando estou em abandono
teu amor é passarinho
quando repenso um ninho
teu amor é para mim
homem querubim
quando repenso um ninho
teu amor é para mim
homem querubim
a asa onde repousa a borboleta,
a mariposa, o pássaro
e todos os seres alados
que me apresentastes
ao voarmos para o infinito
Adriane Lima
Arte by Ricardo Celma
a mariposa, o pássaro
e todos os seres alados
que me apresentastes
ao voarmos para o infinito
Adriane Lima
Arte by Ricardo Celma
Viniciando Versos
Nas entrelinhas de teus poemas
descubro caminhos inimagináveis
vejo a rota exata da existência ser reinventada com a precisão de uma linha reta feita à mão livre
vivemos a liberdade inaugural
dos que amam intensamente
e em teu corpo descubro caminhos
feitos de alma e do mais puro mel
fito teus olhos
qual poeta à lua
em noite escura
és meu verbo
minha rima
minha imensa
autoestima
és sonho e fantasia
inaugurada diante da mais bela profecia
de saber-te amar mais do que pude
Adriane Lima e Orlando Bona Filho
Arte by Sergei Rimoshevik
Rendo-me
Pobres luas de janeiro
sempre vestidas de chuva
fecho os ohos para os sonhos
há tantas chuvas em mim
vazão de poeta são os ecos em palavras
ou o ego do silêncio que abstrai
Adri Lima
arte by Sergey Ignatenko
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