Com as mãos cheias de estrelas
o gesto em conchas
guardo o brilho, que só eu vejo
fixo o olhar em suas cicatrizes
salpicadas de luz e escuridão
entre o que meu olhar capta
há um imenso monte de areia
que imagino o Olimpo de um deus grego
cujo vento plastificou o rosto e os cabelos
paralisando a imagem em meu peito humano
no fundo eu sei
que é você, que enterro
a vida torna-se apenas silêncio
meu suspiro abafado é golpe de ar
um lastro de melancolia e riso
são tantas dores cristalizadas na alma
voos eufóricos que morrem no asfalto
tudo agora é incerto
e quando o pôr do sol
vem me visitar, nunca sei
se é apenas uma cena de filme de amor
Adriane Lima
Arte by Wayne Pruse