segunda-feira, 16 de maio de 2016

A frágil matéria

 
 
Como se pudesse
remediar a inspiração
como se valesse
não ouvir minha razão
como se ousasse
privar tal sensação
 
quando me entregaste as mãos,
a paz na voz tão ansiada,
sabia ser um milagre
para minha solidão cansada
 
inaugurei novos caminhos
onde a memória sorverá desejos
como a aurora aguarda o dia
sonhando com as estrelas
 
e nós, por capricho iremos sofismar
pela tamanha incapacidade
de preservar os olhos vermelhos
 
além das palavras, peles e esperas
 
 
 
 
 
 
 
 
Adriane Lima
 
 
 
 
Arte by  Lucy Salgado

Em ponta de asas

 
 
Pássaro cansado
obrigado a voos, pede vento
ventos são capazes de levar embora
e de fazer voltar
 
olhos cansados
obrigados a paisagens, pedem escuro
delicadezas onde não seja
preciso nada tocar
 
sentir, pousar
deixar a vontade se exilar
que já me cansei
de embalar tristezas 
 
 
 
 
 
 
 
Adriane Lima
 
 
 
 
Arte by Helena  Verri
 
 
 
 
 

Quando volto

 
 
Há uma fera me habitando
alimentando-se de palavras
e pensamentos
 
não sei se ponho ou se retiro
o prato
 
ainda não sei quem alimento
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Adriane Lima
 
 
 
 
 
 
Arte by  Sandra Chevirier

A dor das palavras não ditas


Em meu verso oculto
felinamente escuto
as metáforas rasgadas
de um peito pássaro
Esse poder das garras
já dilacerou asas
espargindo o poema
sobre as entrelinhas
É uma solidão tão minha
transcende o verbo
quando voam as palavras
repletas de vozes
onde só quero silêncio
Adriane Lima
Arte by  Cristhian Schloe

Onde estão os sonhos


 



Eu não minto
nem falo a verdade
são apenas poemas
que escrevo, não o que sinto


tenho vivido
em estado de graça
o que chega
o que transpassa
me faz sentir levezas


quando a esperança
esquece de bater
o peito até para de doer


invento asas
nuances
aceito prazo de validade


não ter o que sonhar
é a verdadeira maldade







Adriane Lima






Arte by Brooke Shaden 

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