quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Onde guardei abismos




Desconstrui rotas
construí asas
abri janelas
fechei a imaginação
mais por destino
e menos por compulsão
embacei os olhos
comecei a ver com o coração
entre meu sonho e a vida
coloquei em meu colo
essa mulher protagonista de
pausas avassaladoras
sob o fardo da solidão
me dei forças,
burlei regras
dobrei esquinas
quebrei resistências
amei muitos e duvidei de poucos
erro crucial para uma amante
acerto total para uma poeta
jamais me convenceram
de que não deveria amar
e reinventar velhos
ou novos modelos
e seguir a esmo
trazendo no peito todas as
vozes e ardis de tudo que
mesmo cansada construí
e agora estando bem acordada
foi que descobri
era internamente que guardava
o amor que tanto procurava

 






Adriane Lima





Arte by  Marco Manzonni

Criador e criatura






Outro dia sonhei ser passarinho
e cantei infinitamente
para quem
não gostaria de ouvir-me
outro dia sonhei ser flor
e perfumei demoradamente
quem
não poderia sentir-me
outro dia sonhei ser gato
e vivi felinamente
com quem
nunca acreditou
em vida doméstica
existem dias que meus
sonhos
parecem sangrar

 



Adriane Lima







Arte by  Tatyana Ilieva

Morte cotidiana






Há sempre leveza
nos sonhos
no girassol que se contorce
e se desvia das sombras
há sempre leveza
no peso que aceitamos
 

Só não há leveza
nos dias que desperdiçamos
sendo a falta do que
não fomos

nem em sonhos 

 








Adriane Lima











Arte by Brian Viveiros 
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