Meu tempo é um eterno
emaranhado entre memórias
meu mundo tantas vezes
torna-se elástico e se estica até o
esbranquiçado fio do esquecimento
e retorna feito fruta
brotando no mais alto galho
quase impossível de se ver
e quando tudo parece soltar-se
é essa harmonia que eu sinto
não permito-me pensar muito
levo as horas em meu peito
guardo nele as levezas
as lembranças compostas
por desprendimentos
eu teimo a vida
que emoldura meu rosto
e minhas mãos cheias de tintas
e temo a morte que vejo nos olhos
dos famintos por precipícios
persisto feito um peixe
que sobe contra um rio
aceito essas águas contraditórias
como forma de engrandecimento
e sobre mim esse futuro
essa fruta lá no alto
buscando um céu azul
e digo que sou sempre
esse renascimento
Adriane Lima
Arte by Juan Alberto Roosevelt