sábado, 30 de agosto de 2014

Poema particular


 
 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quantas vidas
me fizeram insana
quantas mortes
me fizeram humana
ao longo de tudo
restou essa dor :
 
- tão estranha
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Adriane Lima
 
 
 
 
 
 
Arte by Saturno Butto 

Terno desengano

 


Só para ele dancei

enverguei minhas mãos

num bailado infinito

Só para ele joguei

a rosa de meu



" brainstorm "



















Adriane Lima









Arte by  Charles Willimott

Poema da abstinência

  

 
Fui bebida por ti
feito o gole derradeiro
a cicuta de tua morte
e amor verdadeiro
a rainha louca e lasciva
linha de chegada e partida
caminho deixado ao meio
 
fui tragada por ti
feito o perfume que assimilas
a fotografia amarelada e escondida
sem nitidez e enquadre
fui Mata Hari em teus pesadelos
construção e desconstrução
 
de alguém que desejava viver sóbrio









Adriane Lima












Arte by  Fabian Perez

Poema Prânico





































Cósmico é o ato
visão, audição, paladar,
tato e olfato
terreno é o sexo
depois que o silêncio nasce
 
 
 
 
 
 
 
Adriane Lima
 
 
 
 
 
 
 
Arte by Saturno Butto 
 
 
 
 
 
 


Ùltima instância






Como permanecer
na roda dos escolhidos
como saber as horas
do sorriso dos filhos

como conter na memória
o amor esquecido
selvagem é a vida
dona das vontades
e a felicidade, precisa de
espelhos para se conhecer 










Adriane  Lima





Arte by Dario Campanille 

Poema da convição


 




 
Ele me pergunta
se o amei algum dia
minha dor e alegria
só no amor provaria









Adriane Lima












Arte by Anick Bouvier

Longitude



 

Pássaro canta sozinho
e com ele a lembrança
dos braços em ninho

 


Adriane Lima













Arte by  Wendy Vaughan

Desvelo poético







Sofro, por cada suspiro alheio
enquanto pastoreio nuvens
garras de lobos me rasgam em cheio

 






Adriane Lima







Arte by Pier Toffoleti 

Poema audaz





Meu riso
intrépido canário
poucos erguem o pano
para revelar o cenário

 




Adriane Lima








Arte by  Paula Bonet

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

O anjo esteta





Eu poderia beber
teu gozo etílico
dentro do crânio de
uma caveira mexicana
 
celebrar a morte
no vinho que degusto
declamando uns versos
de Neruda

mas não sou a rosa
nascida em concreto
para adorna-lo depois
que tudo seca

tampouco me despiria
em pétalas,  para
que o tempo levasse

mulher na medida certa
de leveza e intensidade
e se a vida aperta
me faço poeta

e digo que a morte
de um esteta 
é a melhor arte








Adriane Lima 






Arte by  Minjae Lee

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Ao encantador de borboletas




Ele me deu o encanto de um coral
dizendo que eu poderia ser Cora Coralina
me pediu para ver o mar
caminhar no que é distante
e não ausente
ele me deu a semente de
plantar girassóis e ver rodar
as cabeças nos heterônimos
de Fernando Pessoa
ele me deu o esboço presente
de pequenas sutilezas e um
grande escárnio de um anjo exterminado
como Nelson Rodrigues
veja bem ,meu bem
ele me deu amor próprio
imortal posto que é chama
onde só Vinícius de Moraes
ousou se queimar
às vezes o bom senso não
serve para nada
mas basta uma palavra
um gesto enternecido
e eu nem mais
questiono o sagrado ...

 





Adriane Lima





Arte by Laile Dec

As pedras do reino

 
 
 
Eu sou mar
transbordo
sendo lágrimas
que caem
sem o mínimo esforço
ao ver o amor ser ilha
diante o imenso turbilhão
de águas de um umbigo
tão próprio
 
Eu sou solo
seco
tendo marcas causadas
pela aridez
das palavras proferidas
como um desmando
uma insensatez e autoritarismo
marcado por boca
tão próxima 
 
Eu sou céu
adentro 
sendo infinito onde crio o
incesto de palavras
entre o bem e o mal
guardadas por peito
tão inócuo
 
Eu sou pássaro
carrego
uma asa que bate na cadência
de uma pulsação vibrante
enquanto a outra segura
o ovo de todo um princípio
que mereceria viver
 
Eu sou o animal
aquieto
escondo o medo
e recrio na argúcia
consumindo fogo, tremo e esqueço
o cordão ceifado pela vida
 
sou meu corpo
vazio e oco
 
não como o mar
não como o solo
não como o céu
e sim o pássaro
e sim o ovo
e sim o animal
 
eu sou carne
eu suporto o soco
 
 
 
 
Adriane Lima
 
 
 
 
 
 
 
Arte by  Robert Lange
 

Clamor

 
 
 
Desde a infância
visitamos as fábulas
para sonhar
os aforismos
para pensar
os contos
para recontar
as palavras
para simbolizar
as certezas
para duvidar
o apaixonado diz amor
o soldado diz paz
o jardineiro diz flor
a moça diz rapaz
o algoz diz dor
o doente diz saúde
o condenado diz liberdade
o velho diz juventude
o viajante diz saudade
o sonhador diz vitória
o bondoso diz caridade
o triste diz história
mas todos sabem
nesta réstia de momentos
que a vida é transitória
entre sorrisos e lamentos
 
 
 
 
 
Adriane Lima
 
 
 
 
 
Arte by Jolanda Richter 
 
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