sexta-feira, 23 de março de 2012

Céu que desaba



Há a tramóia
há o golpe de misericórdia
o que vem da boca para fora
e nos levam à tipóias
de apoio racional

e vai imprimindo viagens
feito ácido lisérgico
morrendo feito um alérgico
que consome a lactose
do leite emocional

há a cicatriz que não some
a dor que consome
e nos traz aos confins

confins das desgraças
das amarguras
das horas paradas e mortas
em que o corpo ganha asas
e os olhos ganham fé

ao olhar a vida
ao que está longe
ao que está perto
apagando o certo
do que confunde
assoprando o anjo

há a negra melancolia
que chega civilizada
senta-se ao lado
traz o pranto e a dor

o amor quando mata nunca morre
e os que morrem nunca matam

doce singularidade
que descobri nesse fim de tarde
onde meu céu se incendiou....



Adriane Lima
 
( Imagem : Jean Paul Avisse )
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