terça-feira, 16 de setembro de 2014

Me enfeito de asas





 A menina que me habita
deita encolhida no tapete
varre para baixo dele
a poeira do tempo em desalinho

ainda acredita em anjos
e olha para o teto branco
buscando asas e artefatos

no mais silencioso desejo
costura a paz e o estampido
que a vertigem traz, aos seus ouvidos

a menina que me habita
sobe as escadas correndo
para que se perceba viva

avança além do relógio
as batidas do coração
já que a mulher que sou
anda sem lógica e sem razão

ainda cultivo esperanças
neste meu lado infantil



Adriane Lima















Arte by  Loui Jover

Cartas marcadas

 
 
Entre estranhos adivinhos
existo :
na cor do silêncio
na flor do bolero
onde bailo sozinha
 
ciganos caminhos 
 
 
 
 
Adriane Lima
 
 
 
 
 
Arte by   Hamish Blakely

Caleidoscópica alma




A voz do pensamento
visita-me em tempos restantes
a poesia do olhar
envolta na suave angústia
movimento e enquadre

Quero contemplar a vida
que a alma deseja guardar
a retina em busca do que conhece
as cenas cotidianas
a temporada das flores
as cores aprisionadas na íris
possui a ânsia de nomes

Quero acreditar na vida
o pássaro perdido por detrás de prédios
o sorriso incomunicável do enquadramento
o silêncio do bailar da borboleta
a transparência do bem e do mal

o momento...

Quero apressar a vida
o sabor de minha língua sol
pedindo água de nuvem
o dia é sempre a descoberta
que vou desconstruindo

Quero enganar a vida
invejo o absoluto
há dispersão no vazio
a imagem que guardei e agora perco

- nada dói mais do que a imagem desconstruída

Nas sobras do tempo
eu sou também a cena difusa
o calor soluto
a mistura completa
por forças externas que vivo

Dói o que desconstruo
por um olhar romantizado
minha intuição é o presente
e me transporto em zero absoluto

 






Adriane Lima





Arte by Gustavo Klimt 
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