Há os dias doloridos
onde olhamos ao redor
e tudo nos dói
dores da alma imaterial
da alma que sucumbe
em existências sutis
dói a música
mesmo que fale de beleza
entre chegadas e partidas
dói a delicadeza
de uma carta de amor
com todas suas intenções
melodramáticas
dói o olfato
experimento que traz junto
o doce perfume que exala a flor
tudo dói
o papel me dói
o poder de escrever
um único verso
me dói
a chuva que cai lá fora, me dói
o cão que late longe daqui ,me dói
o silêncio dentro da casa,me dói
as longitudes me doem
como se entrassem
no meu corpo adentro
e me fizessem sangrar
a realidade
Adri Lima
É pena que você não saiba
de toda falta que me faz
acho que nem mesmo eu sabia
ou tão pouco admitia
o que essa vida vazia, iria representar
tem dias que busco alegria
onde menos se possa pensar
em formas da natureza
na fumaça da xicará de café
onde minha lágrimas caem
e aumentam esse amargor
Sabia que não seria fácil
olhar teu espaço vazio
os objetos inanimados
e deles o pó retirar
somos na verdade
duas partes de um todo
como se uma estivesse
no céu,outra no mar
sei que tudo tem seu tempo
e mesmo com todo sofrimento
tento com sua voz me ninar
voz revestida das gargalhadas
soltas em pleno ar
já me feri tantas vezes
mas essa realidade é urgente
não há mais como a enfeitar
Prisões não combinam com asas
alimentando intenções de pássaros
que desejam para sempre voar
Você se foi eu fiquei
me dissipando feito nuvem
me derretendo feito gelo
além de densidades absolutas
e hoje enfim confesso
que minh' alma peregrina
cansou de se materializar
Adriane Lima
arte by Bárbara Cole