quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Entre flores e dores : flutuo






Há os dias doloridos
onde olhamos ao redor
e tudo nos dói


dores da alma imaterial
da alma que sucumbe
em existências sutis


dói a música
mesmo que fale de beleza
entre chegadas e partidas


dói a delicadeza
de uma carta de amor
com todas suas intenções
melodramáticas


dói o olfato
experimento que traz junto
o doce perfume que exala a flor


tudo dói
o papel me dói
o poder de escrever
um único verso
me dói


a chuva que cai lá fora, me dói
o cão que late longe daqui ,me dói
o silêncio dentro da casa,me dói


as longitudes me doem
como se entrassem
no meu corpo adentro


e me fizessem sangrar
a realidade





Adri Lima

O espanto da dor




 
É pena que você não saiba
de toda falta que me faz
acho que nem mesmo eu sabia
ou tão pouco admitia
o que essa vida vazia, iria representar

tem dias que busco alegria
onde menos se possa pensar
em formas da natureza
na fumaça da xicará de café
onde minha lágrimas caem
e aumentam esse amargor

Sabia que não seria fácil
olhar teu espaço vazio
os objetos inanimados
e deles o pó retirar

somos na verdade
duas partes de um todo
como se uma estivesse
no céu,outra no mar

sei que tudo tem seu tempo
e mesmo com todo sofrimento
tento com sua voz me ninar
voz revestida das gargalhadas
soltas em pleno ar

já me feri tantas vezes
mas essa realidade é urgente
não há mais como a enfeitar

Prisões não combinam com asas
alimentando intenções de pássaros
que desejam para sempre voar

Você se foi eu fiquei
me dissipando feito nuvem
me derretendo feito gelo
além de densidades absolutas

e hoje enfim confesso
que minh' alma peregrina
cansou de se materializar


Adriane  Lima
 
 
arte by  Bárbara Cole
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