domingo, 2 de junho de 2013

Profano amor e dor





Enfim, ela confessou:

o poder de sua alma
entregue a um deus
não sabe-se, Asteca ou Maia
ou se fora a um pobre fariseu
de seus sonhos indecentes

sua alma desde menina
trouxe consigo a sina
de uma princesa lasciva
de extrema beleza
que envenenou o amado

um pouco Cleópatra
um pouco Afrodite
a força de Lilith
vinda do escuro

mistificadas arderam
no furor de intensas feras
misturadas a docilidades de mel puro

por terras distantes
vagaram em busca de almas livres
como a minha ou a sua

para serem ofertada aos deuses
por alguma quimera
atrocidades de escolhas mundanas
de outras eras

fogo,pólvora
ardência de inferno
águia , cobra
lebre ou cadela

menina,mulher
rainha,escrava
carregou em si formas e avessos
de santas e devassas

labirínticos amores
perderam-se em suas mãos
expressivos rancores
rastejaram-se pelo chão

todos através dos tempos
ouviram os gritos da alma
eis a razão libertária
para não sacrificarem o amor

e sim,coloca-lo em redomas
nos corações de Evas
até que ele ganhasse ,a esperada sete vidas

 


Adriane Lima



 

 


Arte by  Fattah Abdel Hallah

Poder de Titãs



Alguém lá em cima deve rir
de meu dedo podre e caolho
alguém lá em cima deve rir
quando erro o tempero do molho
alguém lá em cima deve rir
de meus tropeços e presepadas
alguém lá em cima deve rir
de todas as palavras aqui trancadas
alguém lá em cima deve rir
das ausências em meu presente
alguém lá em cima deve rir
de todo tempo que fui ausente
alguém lá em cima deve rir
desse meu questionário humano
alguém lá em cima deve rir
de todos meus medos e enganos
alguém lá em cima deve rir
dos tombos que levei vida a fora
alguém la em cima deve rir
por tudo que já foi embora
alguém lá em cima deve rir
por todos os cabelos brancos
que eu teimo em tingir
alguém lá em cima deve rir
de todas as dores que finjo não existir
alguém lá em cima deve rir
do que chamei poesia
alguém lá em cima deve rir
por minha vida estar vazia
alguém lá em cima deve rir
da eternidade do meu espírito
alguém lá em cima deve rir
dessa solidão impregnada onde rio
de mim mesma ...

 
 
 
 
Adriane Lima
 
 
 
 
Arte by Michael Parkes 
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