sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Formas lúdicas




Nunca lhe disse :
me compreenda
nunca lhe pedi
me cerque de

palavras, gestos
nunca desejei
nada disso
o que pode ser
em mim
um grave erro

entre nós
há concordância
no peso há
moderação
na solidão
lirismo
e no enamorar-se
ousadia

esquecemos o
mundo lá fora
e tememos o
amor com a lua
o céu que nos
protege é azul
versar a noite
seria armadilha

meu lado bicho
ama encontrar o teu
essa libertação
nos fez poesia concreta

ambígua forma de fauna e flora









Adriane Lima









Arte by Marci MacDonald 

O verso envelopado




E quantas vezes direi :
minha poesia
de alma nua, lhe dei

numa razão displicente
retirei a máscara das palavras
embora estando nua
a vesti de melodias
jogos de linguagens
doces e ritmadas

a alma das palavras
só percebe quem
pranteia despedidas

ou quem emoldura
na face uma pueril
gargalhada, mesmo
quando entre lembranças,
quase empoeiradas

doa asas ao momento
e entre o olhar se despalavra

eu perco o poema
enquanto espero o poente
perco a poesia
ao falar daquilo que vivi

cada palavra significa
meu próprio grito
de saciar até o fim
essa imensa fome de ti
a boca doa sussurros
palavras sem dono
conotação de um desejo

derramado em versos
gestados no silêncio
das mãos que a tudo
faz e desfaz






Adriane Lima







Arte by Toshiuki Enoki

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