sábado, 26 de outubro de 2013
Entre opostos sincopados
Tem dias que sou
a estranha mais estranha
não tenho fome
e me sirvo
não tenho voz
e me grito
amo quem desconhece o amor
e expurgo quem o zela
e cuido de minha dor
como se fosse outra
me dou água
e não tréguas
não me ouço
me digo adeus
e me dou colo
é estranho viver assim
nesse eterno jogo
de esconde-esconde
e onde mais
me reconheço
é feito um frágil passarinho
dentro do ninho
em plena solidão de peixes
Adriane Lima
Arte by Genesine Marwendel
Estrela da sagração matinal
Adormecida em plena essência
sensível ao menor toque
olhava o corpo em sua frente
em êxtase de sonhos florescentes
o corpo em seu todo imaculado
entregue a luz que o iluminava
adormecia a princesa de outras eras
na ânsia de um futuro a sua espera
ao ver sua alma assim desnuda
reconfortando-se em úteros marinhos
pode conter a fúria de toda eternidade
os poemas desaguavam em pleno leito
escondidos atrás do tempo perdido
as palavras se formavam pelos beijos
e assumiam o corpo em poesias vivas
florescendo a noite azul
Adriane Lima
Arte by
Lamento de um Blues
Estou ficando farta
de engolir palavras
de pisar em ovos
de fechar os olhos
dar com ombros
de mudar o tom
de perder o equilíbrio
e não ser eu mesma
sob nuvens de poeiras
bobeiras de gente
com asas de isopor
e coração de lata
Adriane Lima
Arte by Andrew Lucas
Marulhando Asas
Acordei em
arrepios
não era de
calor
não era de
frio
era o
vazio
da alma
que me
visitava
em forma de
canção
abrindo a
proteção
da senha
usada
para selar o
coração
Adriane Lima
Arte by Igor Zenin
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