quarta-feira, 7 de março de 2012

Ecos de mim



Quando me fogem palavras
quando me esvazio de imagens
e sinto a vida em mim falhar
em noites de seca  e solidão

Me recolho as canções
que me fazem viagens
que me trazem aragens
perfumes soltos no ar

Em eternas serenatas
me transporto e me levo
Até doces lugares onde
Meu eu gostaria de estar

Lembranças,imagens
Outros rios,
outras margens
mistérios, vantagens de
viver e ainda sonhar

Que um dia uma alegria
entre estrelas e luar
canções que ouço e me elevam
venham mesmo me buscar...



Adriane Lima




( Imagem : Dario Campanille )

Délibáb



Fim de tarde chuvosa
pouso o olhar sobre a minha janela
onde o vento se perde inquieto...

Pássaros gritam em revoadas
são andorinhas
que giram no céu cinzento

Sinto aroma de terra molhada
solidão e mais nada

O tempo me cobre com seu manto
sou a cor do silêncio cinza da tarde
escrevo a palavra que não existe
onde tudo em mim é só saudade
fragilidade que transpassa a pele
vozes mudas de uma verdade

As úmidas gotas precipitam minhas emoções
me convidam a lavar a alma
e fazer melodia pisando em nuvens
para adornar o canto dos pássaros

Súbito, uma emoção gelada
percorre meu corpo

Sinto a pele eriçada à flor
de tantos sonhos não vividos
mas nem por isso menos sentidos

Abro os braços ao céu
como quem bendiz
o que me é ofertado

Quero, quero, quero vida
quero, quero, quero luz
quero-quero, meu amor
quero, quero, me traduz

Adormece em mim então
o sonho como um rio
que sente suas águas represadas

Olho ao longe e me questiono:
qual o caminho das água
e dos sonhos que são livres
diferentes dos que em mim componho
 
 
 
Adriane Lima e  Orlando Bona Filho 
 
 
 
( Imagem Laura Blank )

Validades



A minha avó esperava , seu amado na janela
Por aquela rua estreita e mal iluminada
Cheiro de flores, sem ser primavera

Sabia sempre que ele vinha
Era a certeza do amor esperado
Aparecer no momento combinado
Nem que fosse por segundos
Isso valia mais que o mundo

A minha mãe,esperava , seu amado no portão
Abria a ele a porta da frente, de seu fechado coração.
 Em noites de lua , estrelas ou escuridão

Sabia sempre que ele vinha
Era a certeza do encontro  marcado,
entre sorrisos e recados
Restos de confissão
Isso valia mais que mundo

E eu
onde te espero entre dias e poesias
horas que passam sem te encontrar
essa é a certeza de um amor complicado
que não devo nada esperar

As mãos em solidão
um desafio a minha coragem
essa viagem que tem dias, que nem sei quem sou





Adriane Lima







Arte by  Diego Dayer
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