segunda-feira, 31 de dezembro de 2012
Alimentando sonhos
Te sirvo minha poesia
é este o prato do dia
temperos em asas
a voar na imaginação
não se prenda a nada
que não contenha a magia
amor tecido de prazer
amor cerzido sem se ter
amor ter sido mais que a poesia do viver
sonhos voam em escamas ...
Adri Lima
Arte by Catrin Welz Stein
Sem sentidos
O avesso do verso
não se escreve
todos os por demais
todos os pormenores
não faz sentido
fazermos dos olhos mágicos
tirarmos dos olhos trágicos
nossa nebulosa poesia
Vida não vem em pedacinhos ...
Adriane Lima
Arte by Catrin Welz Stein
domingo, 30 de dezembro de 2012
Barco e flores
Barco a vela de imagens
olhos de miolo em flor
a soprar em tua direção
as pétalas
de meu desenho infantil
desejo que teu cais me aporte
nunca entendi de navegação ...
Adriane Lima
Arte by Catrin Welz Stein
Soprando frases
Feito satélite em meus lábios
poeira de palavras balbuciadas
sobre a língua a frase acomodada
aguardando o momento de ascender
nuvens em cores de crepúsculo
enrijeceram os músculos
quando pude enfim dizer: Amo você
Foi quebrada a barreira do som...
Adriane Lima
Arte by Aldo Luongo
Contratempos
Pior é aquela dor de quando acordo
e me olho no espelho
e percebo que sou ainda
o velho disco riscado
o muro chapiscado
que ninguém consegue encostar
a rua sem ipês amarelos
a praça sem bancos e pássaros
a borboleta de asa quebrada
que já não consegue voar
a bola já furada sem um pé para brincar
o brinquedo jogado ao chão
o rádio sem pilha e botão
a oração já esquecida
o beco sem saída que ninguém deseja entrar
o poema que não consegui declamar
a ação sem atitude
o gado procurando açude
a sede em frente ao mar
mas, quem sou eu para me metamorfosear
desejo passando fome
solidão que me consome
como ser outro ao despertar
urgências vou vestindo
e me despindo do que não dá para esperar
Adriane Lima
Arte by Douglas Hoffmann
sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
Rapsódia poética
Ao jorrar o sangue
vindo de reentrâncias
compondo na dor e na alegria
esconderijos são abertos
à sorte de um mundo sozinho
seguimos:
relendo a sintaxe da vida
na fala entrecortada
na acidez interior
cuspindo a própria sede
de promessas alinhavadas
- tênue estrada
feita de um deserto interno
sem oásis de ternuras
caminhantes em próprias pernas
sonhos, ilusões e bravuras
amores já condenados
caminham no próprio espinho
âmago em desalinho
novo cordão ofertado
sonhos então consagrados
reviram a vida do avesso
fragmentos reversos
também alimentam a alma
Adriane Lima
Arte by Giuseppe Ferrando
Paradoxo da tristeza
O corpo por perto
sente-se inativo
o que lhe resta ?
passional só a mente
displicentes comandos
involuntários sentires
nos atos se escondem
trêmulas lembranças
a ideia que perdeu
o acento, mas sente
ao centro um coração
que pulsa contido
vomitando incertezas
vozes impensadas
fosse esqueleto
seria fóssil...
o que não é fácil
ser paradoxo
da tristeza cativa
Adriane Lima
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
Asas imaginárias
Meus omoplatas
asas estacionárias
na pele uns sonhos
colorem a imaginação
cocares de dores
incolores penas
ave paraíso
ganhando chão
Adri Lima
quarta-feira, 26 de dezembro de 2012
Via de Regra
Se for para o bem de todos diga:
-Que meu pássaro na mão acabou voando
-Que meu circo pegou fogo
-Que meu santo de casa fez milagres
-Que a água mole nunca bateu na pedra dura
-Que na festa inacabada, os músicos sempre estarão a pé
Pois todas as frases feitas fazem parte de minhas impropriedades
Que avessa as maldades rio, desse mundo caricato.
E hoje abraço continentes e sonho mistérios desse dia que me chega:
Peguei um livro na estante, com uma velha carta dentro,nela continha tudo o que precisava ler.
Repousei no fruto do amor que um dia me alimentei...
Adri Lima
Asas abertas
O céu não desmente
ao sol, voamos contentes
na lua, buscamos asas
você embaixo da minha
eu embaixo da sua
luz transpassada
Adriane Lima
Arte by Michael Parkes
Poema sem saída
A vida me faz sujeito
busco os predicados
findo meus pretéritos
sonho meu futuro
os verbos conjugados
serão alinhavados
aos verbos não vividos
e o tempo devorado
perderá nomenclaturas
meu calendário interno
desejaria que fosse a lua
diante de tudo que aprendi
vou seguindo meu gerúndio
incompleta, indefinida e
Reflexiva estou indo...indo
um dia por certo, findo
...sinto que a ironia da vida
me deixou sem respostas
Adriane Lima
Arte by Matteo Arfanotti
Silêncio Amniótico
Tudo em volta
é o caos travestido de calma
manobras sem retrovisor
a vida é maior que o fato
a culpa é menor que o ato
o amor repousa no fruto
do que não foi sentido no tato
sou um ser que retém tudo
passional e racional
contidos num só mistério
brinco de não me levar a sério
quando sei dos impropérios
falo mais que fico muda
tenho forma e conteúdo
desde o vazio da insensatez
meu ritual de crescimento
é solidão por uns momentos
não pertencer a lugar algum
minha melhor companhia
é minha poesia
sou minha mãe e minha filha
nesse ninar reflexivo
sou de repente o que me falta
sou meu descrédito e minha credora
vivo faminta e sedenta
sempre que a vida me arrebenta
internamente me visto de amor
Adriane Lima
domingo, 23 de dezembro de 2012
Lábios do Amor
Abri meus lábios
para falar de amor
palavras únicas
e sabores mil
meus lábios se abrem
à procura dos teus
se arredondam
se alargam
se fecham
em angulares buscas
apenas úmidas vozes
e solitárias à procura de outros lábios
que falem a mesma língua dos meus
linguagem sem adeus
lábios às vezes pequenos
às vezes grandes,
prazeres raros
entornam concha divina
lábios ateus
lábios de duas feras
que por amor deveras
vivem intensamente
a volúpia da existência
mundana e terrena
o dilema de serem agentes
de um pecado do criador
bocas
línguas
salivas
olhares
pele
a alma vira um quintal
para esta vida tão sonhada e sentida
e eu ao abrir os lábios
encontrei um pedaço de mim em outra boca
e pude entender que o amor imenso e raro
é uma aventura sem fim
hoje, unidos, nossos lábios
são carne da mesma carne
guardam nossas palavras
para os momentos exatos
para o sussurro do gozo
para o calar da raiva
para o grito de liberdade
que é este amor
Adriane Lima e Orlando Bona Filho
quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
Poema sem brilho
Não foi um ano fácil
ele não poderia terminar
diferente
dizem que é preciso
expurgar tudo
amanhecer todas as
dores
em gavetas da
alma
e exalar
perdão
errei muito
sofri muito
acertei também
perdi forças
perdi aliados
me sentenciei
já passei anos
melhores
rodeada de
filhos,brilhos
sorrisos e
alegrias
as luzes
internas
crianças são mais
brilhantes que as
luzes
da árvore de
Natal
e nesse pisca pisca da vida
muitas delas para
mim
se apagaram
não sei como vai
ser
saber que tenho
luzes
e elas não me acercam
mais
feito a árvore esquecida na
caixa
o sótão do tempo se
encarregou
de não mais
monta-la
doarei os
enfeites
para sofrer
menos
mas estarei em
paz
ao lado de outras
luzes
que brilham em meu
caminho
e peço a Deus que
essas
luzes demorem a se
apagar
já passei Natais onde tive
tudo
e meu brilho estava
sempre
procurando essa
centelha
de vida e sentimentos
maternais
Adri Lima
Arte by Irina Vitalievina
Volúpia a sós
Seriam delírios
de uma mente desejosa
de perigos
pernas roçam na seda gelada
e esquentam ainda mais
a pele arrepiada
dedos percorrem
tacitúrnicos poros
onde a saliva
deveria ser depositada
desejo de entregar-me
inteira
aninhar-me sob teu corpo
num abraçar de peles
e sussurros
cabelos serviriam
feito um freio
para conter o grito
enaltecido
pelo teu sabor
provado em minha boca
Adriane Lima
Arte by Omar Ortiz
terça-feira, 18 de dezembro de 2012
Olhos ao céu
Olhei para o céu
e vi uma estrela cadente
eu que nunca acreditei
em fadas e duendes
me vi ali : tão crente, tão crente ...
Adri Lima
Arte by Arunas Rutkus
Riscos
Brotar era o risco da semente
para que virasse flor
acreditar era o risco da incerteza
para que virasse amor
veja, aqui estou
Adriane Lima
Arte by Ricardo Celma
Poema da salvação
Que meu super ego me salve
dessa culpa que carrego
Cansei de ser balde
para seu amor de conta-gotas
Adriane Lima
Arte by Kinuko y Craft
sexta-feira, 14 de dezembro de 2012
Poema encantado
Cansei de dar a mão
a palmatória
Se o príncipe não me
encantar
Eu tiro ele da história ...
Adri Lima
Eu tiro ele da história ...
Colorindo Esperas
Está lá a esperança
não sei qual a cor
de suas vestes
para iludir minha noite
minha dor
é conhecida
e velha aliada
já sei decor
seu guarda-roupa
e espero piamente
que a dor fracasse
e a esperança
faça suas compras
primeiro
me vale as dores
conhecidas
e me resta a esperança
de despi-la toda....
Adriane Lima
Arte by Karol Bak
Exaltação
Submersa estive
enveredando glórias
e tentáculos hostis
etapas mutiladas
emergi
inventei asas
pássaro enfim
inspirei poemas
respirei vida
enalteci
subi desenhando o céu
dentro de mim
peixes dançavam
em espirais
me acompanhando
nesse submergir
meu espírito
dançou distraído
nesse mistério quântico
minh'alma
sentiu o colo
da paz
acordei e soube
que minhas dores
já não mais
me habitavam
Adriane Lima
Arte by Sharity Chareon
etapas mutiladas
emergi
inventei asas
pássaro enfim
inspirei poemas
respirei vida
enalteci
subi desenhando o céu
dentro de mim
peixes dançavam
em espirais
me acompanhando
nesse submergir
meu espírito
dançou distraído
nesse mistério quântico
minh'alma
sentiu o colo
da paz
acordei e soube
que minhas dores
já não mais
me habitavam
Adriane Lima
quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
Reparações
Me perguntas o que desejo
o que poderias dar-me
como forma de reparação ?
então,como poderei pedir
cada lágrima de derramei por ti
cada parte de meu corpo febril
feita de esperas em solidão
me perguntas o que desejo
como se ainda houvesse tempo
de estancar essa sofreguidão
não me perguntes nada
sobre minhas faltas
os meus excessos
já são tantos que os negaram
hoje não peço nada
nem quero nada
sei que o tempo
corrompeu a linha tênue
que nos ligava
hoje a indiferença
pesa mais que qualquer ganho
não há reposição de afetos
o vazio que aqui deixastes
só em outra encarnação
e como não sabemos
ser isso possível
não me perguntes
o que poderia dar-me
como conforto ao coração ...
Adriane Lima
Arte by Karol Bak
quarta-feira, 12 de dezembro de 2012
Poema acústico
Tenho vivido meus dias
embalada pela música interna
embasada naquilo que me toca
Só essa música,me toca ...
Adri Lima
Arte by Dorina Costras
Madrugada vazia
Os meus pensamentos são agora
o som do pássaro lá fora
o silêncio da escolha
a voz da madrugada
Como se fosse um
melodioso poema
melodioso poema
cravado em mim
havia necessidade de olhar estrelas
e respirar o ar da eternidade
Adriane Lima
Arte by Rob Hefferan
havia necessidade de olhar estrelas
e respirar o ar da eternidade
Adriane Lima
Arte by Rob Hefferan
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
Muros Internos
A menina que eu era
ainda mora em meu íntimo
quando sofro
e engulo um grito
ela não me deixa silenciar
aparece,
me conduz pelas mãos
me senta bem acomodada
e então me fala :
- segura a pena
faça um poema
só assim
a dor se estilhaçará
lá dentro
eu menina
nunca gostei de gritos
portanto a obedeço
sei que esse é um bom preço
para pagar pelos meus silêncios
e então,
nos abraçamos e ficamos coladas
-habitamos nossas heras
Adriane Lima
Arte by Jaqueline Roberts
e engulo um grito
ela não me deixa silenciar
aparece,
me conduz pelas mãos
me senta bem acomodada
e então me fala :
- segura a pena
faça um poema
só assim
a dor se estilhaçará
lá dentro
eu menina
nunca gostei de gritos
portanto a obedeço
sei que esse é um bom preço
para pagar pelos meus silêncios
e então,
nos abraçamos e ficamos coladas
-habitamos nossas heras
Adriane Lima
segunda-feira, 10 de dezembro de 2012
As pulsações do silêncio
Não vou ser a folhagem
que tapa teu muro
visão gradual da rua
dos pecados
não vou ser ramagem
que enfeita teu solo
visão daqueles que
sentem-se acima
dos infelizes
narcísicos espelhos
que me presenteaste
crendo que Eva ainda me habita
suspensa pela força
do invisível
meu corpo se desprendeu do chão
à anos luz de pulsação
procure ver se em minha carne
ainda tremula a bandeira
desta forma divina
que me levou um dia
ao
Paraíso
Adriane Lima
Arte by Judith Peck
dos pecados
não vou ser ramagem
que enfeita teu solo
visão daqueles que
sentem-se acima
dos infelizes
narcísicos espelhos
que me presenteaste
crendo que Eva ainda me habita
suspensa pela força
do invisível
meu corpo se desprendeu do chão
à anos luz de pulsação
procure ver se em minha carne
ainda tremula a bandeira
desta forma divina
que me levou um dia
ao
Paraíso
Adriane Lima
Arte by Judith Peck
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