quinta-feira, 30 de maio de 2013

Antecipando voos





Instintivamente borboleta
mudava e sempre saia antes
caminhava por lugares
e logo já não estava mais
atravessava a vida me metamorfoseando
para não sofrer meus ais
sai de minha cidade
cedo demais
fui para uma universidade distante
e lá aprendi outras cores do voar
mas não tive festas na formatura
engravidei,parti antes dos demais
na vida amorosa acreditei por tempos
no amor, na cumplicidade e na família
mas,não foi assim, então
parti antes,voei para longe novamente
e sozinha carreguei cruz e injustiças por demais
amei, desamei ,valorizei cada outro par que pousou
na mesma flor de meu momento
mas, sempre parti antes, sem minhas asas podar
solitária borboleta, mudando de cor e de lugar
invejando os pássaros no voo alto do céu
hoje penso em partir antes
sem me despedir no último ato
abrindo janelas, contando nos dedos
o alívio que será, em uma nuvem acordar



 


Adriane Lima





Arte by :  Edward R. Hughes

Imaterialidades






A pele tem memória
que nada consegue apagar
a pele tem histórias
que só olhos sutis
sabem ler
espaços entre terra e céu
língua, narinas
mergulhos no ar
cheiros de cio
anunciando desejos
instintos de vibração e êxtase
sentidos providos
de nossa naturalidade animal
não há o que se possa esquecer
a memória da pele
faz o amor acontecer
entre laços etéreos
desmedidos em si
pele nua é trajetória
do que jamais vai perecer

 



Adriane Lima






arte by Talantbek  Cherickov 

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Cores em dores






E quantos dias cinzas me visitaram e quantos deles eu fiz questão de colorir.
Não só por gostar de tintas,mas, porque era necessário.
Tons tristes só ficam bem em mim, em roupas...


Adriane Lima




Arte by Alexa Meade 

Amor e Desamor






O Amor é injusto, sempre foi até mesmo na literatura.
Bem me lembro de Drummond : João que amava Maria, que amava Pedro,que amava Rita, que amava José, que não amava ninguém .
Romeus que perdem-se de Julietas, Tristãos que morrem por Isoldas.Faz sentido perder-se? Sofrer e morrer por amor ?
Desviar-se narcisicamente é se proteger ??Ali, onde somos setas sem alvo ??
Onde muitos se flecham mesmo sem querer .
Mas, porque é assim...amor, modismo, complexidade, comoção nacional...dor mundial...porque então amar, quem não é o ideal...
Onde encontrar sem sofrer, sem se perder, sem magoar, sem desamar .
Todos falam em amor e se esquecem do desamor.
E quando o amor desanda, desama, acaba para onde vão os dramas, as dores e os dias ?
Onde encontrar o número exato, que cabe, sem ajustes, como uma segunda pele, um algo mais.
Sabe aquela roupa sob medida, sem precisar ter provas, aquela rota sem bússola, sem se perder em caminhos, seguir o divinal sonhado amor e saber viver e morrer por ele.
Ah, pobre humanos se julgam tão racionais.Com suas contas amorosas em dia.Por isso perdem-se em romance e visões idealizadas.

Como disse o poeta : "amor é sede depois de se ter bem bebido", amor é animal sem dono, procurando pelo instinto.
Impossível senti-lo sem doer, com linearidade, sem o gosto da surpresa, que a vida não revela. E no fundo é bonito, ser irracional, amar o que nos faz mal.
Lidar com o instinto de vida e morte quase que sobrenatural.
Morrer de amor e por amor se perder ... já ouviu isso em alguma canção?
Ninguém morre de amor, e nem do desamor.
Entendo sim, que dói muito tanto amar, quanto desamar.Amor não pede espaço, atropela. Amor não faz cerimônias, devasta tudo, é intensidade e completude.
Amor é rota desencontrada quando acreditamos saber os caminhos.
Amar de verdade é morrer em cada entrega , diluir-se e dar-se de bandeja ao outro,que com certeza conhece todas nossas fragilidades. É preciso estar preparado,e a gente nunca está, por isso que amar é tão complicado.

Amar é cravar os dentes na presa e sentir essa fome para o resto da vida. 
Mas e ai, quando a fome passa...quando a sede sacia?
Quem nunca se cansou de andar em círculos ou parou de sonhar com a mágica do destino.
E quem nos dias de hoje, tem a coragem para enfrenta-lo?
Estamos em tempos modernos,onde a paixão é avassaladora é filha dos curtas-metragens,e dos poderosos  "fast-foods" então: para que se apegar em "Grand Finales", o tal do : e foram felizes para sempre.
Estava Cazuza certo ao cantar: "Eu quero a sorte de um amor tranquilo, com sabor de fruta mordida..."
Amar é para os fortes e desamar também ...
Só não é capaz de amar e desamar quem não se resolve com a sua falta de coragem para o outro,quem não está disposto a sair de si.
Porque no fundo todos sem exceção sabem da efemeridade do amor.
Só que viver sem amor é a pior mentira que acostumamos nos contar, todo mundo ama e todo mundo sofre quando desama.
Eu sempre dei minha cara para bater,sempre paguei o preço pelo que vivi de amor e desamor.E sei que é preciso ser muito mulher para "bancar" nossas histórias de amor e desamor pela vida a fora.Não visto a máscara do amor eterno.
Acredito mesmo que a vida só faça sentido... reta, linear, quando a gente ama e quando o outro também escolhe nos amar.
E quando o amor estanca, não mais encanta e cai no lugar comum o melhor é desamar.
O  intenso que carregamos no peito chamado coração, não deixa ninguém morrer de amor, acredite e ouse amar mesmo sabendo que um dia ele pode acabar !!!






 











Adriane Lima






Arte by Rob Hefferan  

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Alguém há de ouvir





A dor de um poeta
é o silêncio
onde ele não encontra palavras
para ousar seus sentimentos
nem em parcos
dicionários amorosos

 
nem em destroços
muito menos 
em remorsos
feito de palavras
dos que partiram antes
 
 fósseis ...
 
ás vezes são assim 
que ficam as palavras
não faladas
 
é preciso fazer
um resgate de verdades

 
escavar em terra de ninguém?
sentar-se onde?
em nuvens...
 
quem enganas,senão a ti mesmo
 
enveredando vento
pautando o tempo
desenterrando momentos
não,ninguém tem esse poder
essa redenção de antes
 
arqueia e  dobra o que antes
se mostrava inflexível
anseia  e recolhe o impossível
já não há palavras
que expressem o sentimento
coloca tuas mãos nos ouvidos
feito concha

-o amor é o estampido desse mero segundo
 
brinca de ouvir a eternidade
das ondas nesse eterno retornar
 
recados de toda efemeridade
que se desprenderam de estrelas

 
ora do céu,ora do mar ....

 

 
Adriane Lima

 

 
Arte by Eder Legler

Poema em 40º graus

 
Como poucos anos
mudaram tudo
em metáforas e em mentiras
em pronúncias e empatias

como poucos anos
mudaram tudo
são vozes esquecidas
flores que não brotaram

- como em poucos anos
mudaram tudo
pelas máscaras que caíram

deixei de confiar em tantos
entretanto, reaprendi
acreditar em minha coragem
e aceitar muitos como eles são

foram tempos que passaram lentos
e sentimentos que passaram rápido

e não por acaso amalgamados
preenchendo verdades
vistas em sulcos no rosto
em brilho opaco nos olhos
em silêncios e muros

O tempo passa por nós
de acordo com nossas escolhas
o tempo passa por nós
de forma aleatória

silenciosamente
na frente do espelho
ele mora em nossas memórias

 
 
Adriane  Lima
 
 
arte by  Jon Paul

sábado, 25 de maio de 2013

Frágeis descobertas



Quando sai de casa, confesso
eu não sabia tantas coisas
desde um simples, fritar ovos
até um complexo, estar sozinha

Hoje ainda me pego
não sabendo fritar os ovos
mas,o estar só já encaro de frente

Não que seja um trunfo
mas a minha arma secreta
é entender que na vida

pagamos contas alheias
em suaves prestações
mesmo sendo assustador
contabilizar dores

karma, dharma
nomes que damos aos montes
soprados por hálitos
que exalam flores e também desamores

não dá para voltar
e ser criança de novo
é preciso calmaria
para enxergar as mesmas paisagens
com olhos diferentes

na vida e na fragilidade dos ovos
aprendi ao menos
quebrar as cascas antes
de acrescenta-los em minhas receitas

 
 
Adriane Lima
 
 
 
arte by Fabrice Barkes 

Em cômodo

 
 
Hoje sinto-me casa vazia
uns quadros tortos na parede
um tapete desgastado por pés descalços
Hoje sinto-me nem ser
em minha sala de não-estar

 
Adriane Lima
 
 
 
arte by  Alessander Bartachevich

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Filosofia Poética IX



Viver na verdade é despir-se .
A nossa vida é passageira, em cada um de nós encontra-se as marcas do que passamos,

o peso ou a leveza das palavras e gestos que usamos.
As marcas que deixamos pelos caminhos.
Pode ser cedo para o entendimento disso, mas
em momento algum, negue crescimento ao teu semelhante.
 
Vista a roupa de valores espirituais e afetivos,
as demais costumam durar apenas uma estação.

 




Adriane  Lima








Arte by Anick Bouvattier 

Entre o ritmo das palavras






Já faz tempo que não danço
mas outro dia, tirei o poema
para dançar
- improvisamos
percebi que tropecei nas rimas
perdi o passo no
dois pra lá , dois pra cá
encontramos o ritmo novamente
amantes que somos
dançamos de olhos fechados

 




Adriane Lima






Arte by  Jack Vettriano

Conversa íntima


 


Eu que já me vi paisagem
gruta,planície e litoral
eu que já me vi fauna
inseto,peixe e animal
eu que já me vi flora
fruta,flor e vegetal
eu que já voei,andei,rastejei
aqui ,ali e onde desejei
outrora lugares vazios
por onde despenquei
eu que já me vi algemas, solidão crucial
banhada pela luz e escuridão
me visitei por dentro e perguntei:
quem sou eu??

Essa atual ...

 



Adriane  Lima







Arte by Goyo Dominguez 

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Poema sob custódia




Se queres furar-me os olhos
fure os da alma
foi com eles que aprendi
a enxergar o mundo




 

Adriane Lima




Arte by Mathieu Bassez 

Acalanto





Teu abraço é paz
descanso que a vida me ofereceu
braços que se enlaçam
nos sonhos que
desembrulhamos juntos

 


Adriane Lima






Arte by Tomasz Rut 

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Poema em raiz






Não me procure apenas
quando tuas asas 

estiverem pesadas e fracas
me procure também 

nos momentos de leveza
tua raiz vem de mim
prometo voar com você 

na alegria e na tristeza

 








Adriane Lima








Arte by Nicoletta Cicone

domingo, 19 de maio de 2013

Filosofia Poética VIII

 
 
 

Nunca é tarde para ser feliz
mas a maioria das vezes
é por nossa conta e risco
O que vem do outro
apenas subtrai ou acrescenta

Por isso que não creio que um detalhe
seja só um detalhe!!!






Adriane Lima






Arte by Daniela Orvitcharov

Afeto





 Ah, junção de palavras
brincadeira e revelação
Hoje sugiro "afeto"
Deixar-me afetar
é de fato me enfeitar
com sensações que me interessam
nas trocas do coração ...


 

Adri Lima



arte by Christin Schloe

sábado, 18 de maio de 2013

Habitat





 

Quero existir de tua boca
meu nome ganhando forma
e exatidão
quero existir de tua pele
meus poros ganhando espaço
e comunhão
quero existir de tua fome
meu ser ganhando forças
perdendo o chão
quero existir no fel
das palavras presas
em tempos soltos
entre o sim e o não
seguir como caça indefesa
além do amor e da paixão
fera dotada de delicadeza
feito tempestades de verão
quero existir dentro da carne
dentro da alma
mesclando luz e escuridão ...




 


Adriane  Lima




arte by Koh Sang Woo

A menina dos olhos



O vento sopra forte lá fora
corri e libertei meus guarda-chuvas
livres, subiram aos céus
girando ,rodando em piruetas

Eu daqui perdendo a realidade
esvoaçantes pensamentos
peso de um corpo
que não voa
gira em elipse
com chuva nos olhos
guarda memórias

 


Adriane Lima




arte by Raul Voinea 

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Estratégias






A liberdade não tem dimensão
mas,tem lábios
e dispõe de um sorriso
embora,muitas vezes,sem juízo...

 


Adriane  Lima




Arte by Annick Bouvattier 

Mil chaves de poesia





Poeticamente me retrato,sem artifícios
não consigo lidar com excessos de doçuras em poesia
aprecio o fel das desilusões e a solidão dos poetas
a coragem dos vencidos e o sonhos de voos

meu prazer na poesia , não conhece limitações
tão pouco contabiliza palavras de amor
para encontrar felicidade

o remédio para cura-me
é escrever com delicadeza
os anseios que rasgam-me o peito
sem pensar em abandono
é ler o desconsolo dos que ardem
em perdas imensuráveis

aprecio o vazio e as inverdades
dos poemas amorosos
quase soprosos por bocas senis
inspiradas em odes as musas
quase inertes e mistificadas

o tempo úmido da madrugada
não me deixa pensar
em rimas amorosas
o que sinto como amor poético
é a imensidão enternecida
pelos fracassados de alma livre

vindos da escuridão do inconsciente
entre o racional e o afetivo que se dissipam
ali, meu processo criativo
só contempla a quietude do poeta
onde,ele é puro segredo e plenitude

onde não há guerras
apenas a sensação de não saber
falar de amor em poesia
desafiando o peito literário
no momento da criação

consagro minha doçura de mulher
enaltecida pelas reminiscências
de histórias amorosas revividas
e com elas a acomodação do amor em letras

fugindo do sentimentalismo
vejo-me em colapso
com a consagração do verso liquido
escorrendo em verdades
eu e a poesia

-confesso : o amor é minha anarquia

 


Adriane Lima





Arte by Frank Kortan 

De que me vale a poesia




Apenas uma letra
solta pelo uni Verso
" De versus De "...

Deuses
Dúvidas
Disposição

Doçura
Delírios
Descobertas...

AmenDoas
Doa a que Doer
Amém ...

Desfiz as palavras
não pensei em teoremas
salvei a eternidade

-que Diziam os poemas

Despir
Dispor
Desacreditar

Deu amar ...


Adriane  Lima






Arte by Casey Weldon 

Olhos vidrados




Há o tempo do desespero
não há tempo para os desesperados
o tempo é de quem espera
a verdade

o xeque e não me mate ...

 





Adriane Lima 






Arte by Oscar Casavalle 

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Tempo de Metamorfose





Acredito que não seja tarde
para extrair o melhor de mim
a metamorfose entre as cores
internas da alma
e as externas do cotidiano

não, não é tarde
para expulsar a invisibilidade
mesmo avistando poucas paisagens
da janela de meu quarto

com todas as canções que já ouvi
saberei escolher a melodia

com todos os céus que percorri
haverá um que me irradie
na sinceridade poética
além da fantasia

o humor encarnado
em situações simplistas
além de gestos infantis
que um dia me levariam
ao divã de um analista

não, não é tarde
para aceitar que se pode
mudar de cidade e não ser bairrista
que se pode sorrir não só para
fotos, imitando poses de revista

não é tarde para rasgar o verbo
e deixar os versos comedidos
serem o alvo e o excesso
do amor sofrido

enquanto muitos afligem-se
com a lagarta ali escondida
já se prepara em silêncio
a borboleta multicolorida

não, nunca é tarde
para estancar feridas
e soltar os gritos contidos...




 

Adriane Lima

terça-feira, 14 de maio de 2013

Branca Solidão






Hoje minha poesia se desnuda
retira as rendas leves e enfeitadas das palavras
e da-lhe um peso de móvel antigo
colocado no ambiente apenas por herança

como o simbólico espanto daquele que adentra o cômodo
e não vê os pés delicados que segura o móvel

ante total desequilibrio de olhares
encontro o esquecimento guardado em verbos
pouco conjugados

mundanas interpretações
servem de colcha sobreposta
a tênue visão do belo
tal qual os amores sem sentido

que veem no corpo inerte apenas a carne
onde há resquícios de vazios impenetráveis
diante a nódoa amarelada da visão do tempo

o que há em mim de imobilidade
que de pés leves sobrou tão pouco
o que há em mim assim guardado
que deixei o sonho escapar pela noite à dentro ...

 


Adriane  Lima 



Imagem retirada da net 

Sem limites de poesias



  Poema que ganhei de aniversário da amiga e poeta : Nane

Abra tuas asas
E voa sem limites
Teus sentidos te levam
Na direção exata
Do teu sonhar

Leva nesse teu voar
As sementes de poesia
Que em ti germina
E floresce todo dia

Deixa o vento te levar
Plana suave na imensidão
Deixa fluir tua emoção
Na poesia da tua canção

Voa linda Andorinha
Pelos céus da imaginação
Pouse sempre em boa companhia
No aconchego do escolhido coração

Que teu canto seja repleto
De beleza e sentimento em flor
E o teu voar completo
De alegria e muito amor

*Parabéns A(ndorinha)driane Lima!
 
 
 
(Nane-09/05/2013)

terça-feira, 7 de maio de 2013

Frias palavras




Mordi a borda Escandinava do poema
sim, ele me lembrava os países frios
do velho mundo.


Era a Finlândia de meu despertar noturno.
A insônia presente no mais puro roer de
unhas, quando se está ansioso.


Encarei o meu saber duvidoso
unido ao colorido da empáfia
e travestido do mais
deselegante gesto de soberba
que me mantinha acordada


Demorei, mas cuspi a insônia
sustentei as palavras que moravam
em meu olhar, e que pairavam diante
do caderno em que rabiscava em círculos
sensações já pressentidas


Sonolentos silêncios que trocamos
foram suficientes para que eu entendesse


Ficou tudo tão claro e frio
por permitirmos que a lisura da poesia
tomasse conta daquilo que nós
deveríamos ter cuidado.


O meu poema transpirava palavras
algumas bem antigas e insistentes
chamadas pelo egoísmo visceral
que nitidamente me observava


Vinha do Alasca provavelmente tanta frieza ...






Adriane Lima







 Arte by Tina Spratt

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Poema ao Revés





A língua adentra o poema
abre a cova e fecha a alcova

joga óleos aromáticos
no esquecimento

faz-se a musa
desfaz o rito

corpo que deseja
o inesperado
por pura consequência do gesto

músculos enternecidos que por
venturas estremem o grito

ecoam na cadeia alimentar
a fome de volúpias
e sopros no ouvido

faminta luxúria
prometida
ante o dedilhar de palavras
avessas ao toque

arrepiando nucas
de universos femininos

menos pela voz enfeitiçada
menos pela fala erotizada

diante a florescência da fêmea
que se escondeu por trás da fresta
e caiu diante os mitos

Afrodite há tempos desceu do Olimpo
e a mulher fez escolhas por essência
mesmo calando a mais bela previsão dos deuses
conhecendo então, territórios envoltos em simbolismos ...

 



Adriane  Lima



Arte by Raul Villalba 
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