segunda-feira, 30 de dezembro de 2013
Tempo ao tempo
Tudo tem seu tempo
seja intensidade
que perdura
a vida
se apresenta
sempre nua
gosto único
fruta in natura
-nós os tolos
tantas vezes
a colhemos verde
e guardamos
essa nódoa
de amargura
o tempo
pede fogo lento
para o adocicado
insight da felicidade
Adriane Lima
Arte by Ion Surlea Gorji
Inescapável
Após as folhas de outono
após noites e desconsolo
surge a vida renovada
primavera floresce
em ventos de outubro
na carne viva
ventos assopram
versos adversos
um último fôlego
acalma a ferida
verão afinal,
céu aberto
coração renovado
estações confirmam
asas e renascimentos
bastou acreditar
num sol
à meia noite
acasalando
a lua em pleno dia
Adriane Lima
domingo, 29 de dezembro de 2013
Mergulho íntimo
Tudo que deixei
do lado de lá : amor
tudo que guardei
entre histórias : desamor
tudo que pedi
para o universo : amar
tudo que sonhei
como destino : reamar
Adriane Lima
Arte by Mia Tavonatti
Do amor e outros recados
Deixo o coração guardar
o que falei um dia
entre desejos irreais
- de amor não falo mais
não é justo
viver o peso das palavras
que nunca se quis dizer
por teimosia :
- vou vivê-lo
Adriane Lima
Arte by Michael Cheval
sábado, 28 de dezembro de 2013
Leve,muito leve
O meu hoje
tem pressa
em preces
silenciosas
abro a porta
para o amanhã
minha casa
de escritos
foi levada
pelo vento
na bagagem
muitas palavras
que não usarei mais
é que a vida
já não cabe
em versos
sem rimas
com a verdade
Adriane Lima
Solturas
Hoje
estou assim
coração
feito balão
de gás hélio
me levando
a céu aberto
para enroscar
os sonhos
em nuvens
Adriane Lima
Sentidos que se movem
O meu limite
é o mundo
e ele cabe
em teus olhos
retina onde
me fixo
entre lirismos
de imagens
só tua voz
é que ocupa
em mim
vários espaços
ouçamos
aquela velha canção
onde aprendemos
a palavra : amor
Adriane Lima
Arte by Leslie Allen
Circulares
O poema
tem que girar
criar expectativas
a poesia
tem que circular
rodar
o que se esconde
embaixo de nossas saias
Adriane Lima
Arte by Marina Podievskaya
Rimando ausências
Hoje o poema
acordou e mostrou
o que sempre soube
deitamos
em tapetes do imaginário
voamos leves e delirantes
rimando ausências
rasurando sentidos
com palavras
que nunca estiveram aqui
aprendiz que somos
amantes das palavras
enveredamos luas
enroscamos nossos corpos
celestes
aflitos por uma prece
que libertasse o amor
das estrelas e do mar
que fosse só vento
a ventar
pelos versos
por entre os pelos
feito o apelo:
-jamais esqueça
o que arde
sopro adentro
a palavra,
essa constância
que queima
como o sol em nossos pulmões
troquemos estações
troquemos roupagem
iniciaremos nova viagem
de versos em permanência
feito o amanhã
que virá em um dia de cada vez
absorvidos na mais pura poesia
Adriane Lima e Carlos Moraes
Arte by Irina Karbaki
segunda-feira, 23 de dezembro de 2013
Ao céu aberto
Temos sonhos
que não se gastam
porque andamos neles
como se pisássemos em nuvens
repletas de formas absurdas
Adriane Lima
Arte by Dany Wr
sábado, 21 de dezembro de 2013
Desejos viscerais
Nem todos
os beijos
são desejos
os beijos
são desejos
dos
desejos
nascem os
beijos
permissivos
altivos
ávidos
de
mais e mais
beijos
permeados
de ensejos
e nesse fogo
beijos e desejos
não duelam afagos
nasce daí
o meu jogo preferido
Adriane Lima
Arte by Stephanie Clair
Olhar ao vento
Eu queria ter poder
um poder descomunal
para deixar de ser
uma pessoa banal
ter uma visão
quem sabe, de raio X
e assim
quase que por um triz
olhar tudo que se move
e em sua grandiosidade
saber que sou a raiz
há um animal
escondido em cada
ser vivente
há força que nos une
da forma que nos consome
( Um poema para meu irmão Carlos )
Adriane Lima
quinta-feira, 19 de dezembro de 2013
Dentro do furor imaginário
Cavalo livre
frêmito em galopes
quase um acerto
de contas
quase um laço
sem pontas
quando me vens
me deixas assim
nunca consigo
dizer ao que vim
Adriane Lima
Arte by Miroslav Yotonov
terça-feira, 17 de dezembro de 2013
Sob o peso das asas
Um dia acordei
pesava demais
tua máscara
blindando olhos
onde te escondias
guardei minhas fraquezas
meus sonhos lépidos
de borboletas no estômago
acredite, nunca voei
tão leve e risonha
Adriane Lima
Arte by Dorina Costras
O cárcere das janelas da alma
Porque eu aprendi a viver assim
na corda bamba
no tempo frouxo
nas horas largas
perdi de vista o ontem
feito flor da noite
que ao chão sucumbe
à essência
tempo é perfume
estrelas em seu lume
morrem entre presente
que vivi
linha tênue
entre corpo e mármore
refaz o que senti e pressenti
Adriane Lima
Arte by Anick Bouvattier
Voos em linha reta
O teu amor
já não cabe em um poema
e teu cheiro se apagou
de minha pele
sigo em voo lírico
frenéticas asas de borboletas
carregam veladas
gotas de âmbar
entre morte e renascimento
caem de mim feito pétalas
- tempo é desprendimento
Adriane Lima
Arte by Dorina Costras
Como conter o incontido
Poetas
(des) cobertos
de sensibilidade
(vest) idos
de máscaras
sobre poema
alheio
arlequins
(es)condidos
no carnaval
das palavras
(des)nudam
suas dores e rimas
entre
(en) fadonhos
(dis) cursos
e
sonoridades íntimas
(ex)tremidades protegidas
abalos (en)cobrem
só o verso
(in ) confidente
Adriane Lima
Arte by Alexandre Sulimov
Lirismos entre instintos
Viajantes
nas linhas dos corpos
entre a curvatura das pernas
no ápice do itinerário
o olhar pede
lábios se roçam
olfato se aguça
água translúcida
percorre por entre poros
imprime-se o desenho
em devaneios sonoros
lapidação em pedra bruta
abrem-se túneis e grutas
navegamos em sussurros
corpos feito estradas
de silêncios lunares
dedos em aragem
mãos de calafrios
escorrem sonhos
entre galopes poéticos
meus segredos
em voragens
fazem a escalada da noite
nas asas de Kairós
paira sobre o tempo
absolvição
fogo e fato
a realidade nua
frágil testemunha
nos compôs
em labirintos
Adriane Lima
Arte by Bill Bate
sexta-feira, 13 de dezembro de 2013
Ave a florescer
Aquele beijo
avivou desejo
molhou o solo
lançou semente
me adoçou o colo
embalei a noite
enluarada e crescente
e de repente
amanheci
ja(z)mim
virando nós
beija-flor
Adriane Lima
Arte by Irika Karbaki
Carícias perfumadas
Na pele
revele
o que na alma
guardas
na pétala
espete
o que na língua
em saliva se esvai
entregue-se
enquanto o olhar
não molha
o meu desvario
nesse reino
navegação
águas agitadas
entre murmúrios
de ondas
- não resisto
pássara suspensa
entre a pupila do
úni(co) verso
inverso
em nós
na boca da noite
ressonarão nossos corpos
atentos caminhos
trilhados pela paixão
Adriane Lima
Arte by Sergio Martinez Cifuentes
Ave em extinção
Empunho o dorso
do verso
cerro os
lábios
dou de
ombros
bato os
pés
- tudo em vão
meu
coração
ave
se
debate
fechado em tuas
mãos
Adriane Lima
Arte by Jolanda Richiter
quarta-feira, 11 de dezembro de 2013
Banho poético
...e lá se foram pelo ralo
meus dourados planos
noites mal dormidas e enganos
-nem pude lhes fazer um apelo
o que não faz o estresse
com nossos fios de cabelo
Adriane Lima
Arte by Alain Dummas
segunda-feira, 9 de dezembro de 2013
O sopro do inesperado
Quando ouvi a
música
foi como penetrar
no vento
um redemoinho de
lembranças
de amores e
fracassos
aquele
homem
aquelas
tardes
aquelas
noites
tudo
começava
e
recomeçava
com uma lírica
sensação de ar
um
suspiro
uma sensação de
liberdade
de fazer o que
desejasse
e partir
brisa,vento,tempestade
seguia sem olhar
para trás
sem ver estragos
que levei ou
deixei
cada um de
nós
entrava nesse
redemoinho
por escolha
própria
ganhava e
perdia
sem nada
temer
assim é a
liberdade de viver
caminhar rumo ao
desconhecido
e eu
fui
e cada vez que
esse impulso
vital me chamava
não
questionava,
apenas ia e vivia
tudo o que
o instante me
oferecia
apenas uma
indecisão interior
tão ampla
e obscura
como o
oceano
aparecia em minha
frente
fomos esmagando
egos
pela força das
palavras
- fui me
debatendo
tentando não
afogar
pesava toda
correnteza
que me
empurrada
em sentido
contrário
a liberdade não
era
e nem nunca
foi
um porto
seguro
foi o
reflexo
dessa
miragem
que
buscava
por anos a
fio
dentro,bem dentro de mim
Adriane Lima
Imagem retirada da net.
Espelho bucólico
Sentiu-se leve
feito nuvem
dominando a
ofegância
do ar liberado
pela respiração
perdeu -se
nos sonhos
imaginando
cordeiros
fora
devorada
por desejos
guardados
em lobos
famintos
de doçuras
unificados
em primeira pessoa
Adriane Lima
Arte by Steven DaLuz
Mal Intento
Desde menina
foi tão Anna Karenina
amando quem não devia
ocupando o coração
com sonhos vãos
doce literatura
naquela altura
na pele já sentira
a quentura
amor,puro fantasma
arrastando correntes
entre amantes
tão diferentes
depois mulher
desejou o afã "gran hotel"
café na cama
cercos e manhãs
doses de exagero
em estilo noir
mulher menina
sempre sorria
das tempestades
anunciadas
que depois de passadas
enchiam lhe com alegrias
em belas companhias
bons amigos, sem culpas
aprendeu que o lixo da vaidade
em qualquer idade
não controla os impulsos vitais
a inteireza é interna
pois quem quer partir
não faz
e nem fez
nunca
- a menor falta
Adriane Lima
Arte by David M. Bowers
Olhos de vidraça
O amor arrombou a janela
sem pedir licença
depois de estar dentro
mudou a perspectiva
mudou suas crenças
fugiu sendo ausência
foi então que o coração descobriu
a rapidez de uma ofensa
Adriane Lima
Arte by Zoltan Molnos
sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
Gatuna
Algo não combina
não me sinto gata
nem felina
te amo mais
do que
você imagina
só que minhas fugas
não passam
desse "teu l(h)ado"
Adriane Lima
Arte by Taku
terça-feira, 3 de dezembro de 2013
Queimação cervical
Não sei se falo
de um amor pleno, romantizado
como aquele que a maioria
das mulheres sonham encontrar
falo, do falo
me refiro ao erótico
desejoso de vontades
falo da paixão sem controle
e não por isso despida de amor
falo da entrega dos corpos
das palavras suaves
e não programadas
apenas o sentir por sentir
e depois o queimar e enlouquecer
aprisionar-se entre memórias
do momento vivido
quando não são as palavras
que se embaralham
e sim as pernas
quando não são palavras
que descrevem histórias
e sim os dedos de carícias
onde tudo é familiar
e ao mesmo tempo estranho
onde o amor não nos pertence
mas, nos entregamos
aceitando o chamado da alma
negando a lascívia do corpo
a liberdade das escolhas
entre a pureza do sonho
e a imensidão do desejo
um desejo que possa desejar
sem que se rasteje rumo ao "the end "
Adriane Lima
Imagem retirada da internet
domingo, 1 de dezembro de 2013
Onde as histórias tem asas
Meus olhos sentem
as formas de expressar
quando a alma
tateia no escuro
a leveza esqueceu
de ser tirana
e deixou a paixão
me jogar naquela cama
olhei por todo quarto
como quem explorava
um novo planeta
ali,me reconheci
em seus livros e músicas
adjetivos vestiram nossas
gargalhadas e beijos
então, venci meu medos
juntos esquecemos
Vinícius,Leminski
Sartre e Sutra
entre uma garrafa de vinho
já indo pela metade
trouxe suas mãos em silêncio
entre nossos corpos e bocas
jurando que não deveríamos
falar de amor e casos eternos
e quando tudo se aquietou
foi que descobri
fizemos o melhor poema
entre a alma e o uni-Verso
Adriane Lima
Arte by Jack Vettriano
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