terça-feira, 24 de junho de 2014

As flores não falam

 
 
 
Luz acesa em noite escura
cada canto guarda um céu
sensível a tempestade
 
brutos conflitos
envasados em
porcelanas de memórias
juntam esperas
na flor da história
 
segredos feito pérolas
encalacrados closonês
 
inquebrável é o desejo
ante os crisântemos
que desbotam
ante a roupa suja
que se empilha
ante os olhos
onde o silêncio fala
 
a confissão interrompida
seria a unção
marcando a passagem

 
 
Adriane Lima
 
 
 
 
Arte by Mauro Yrigoyen Fajardo 

Diante aos olhos da verdade



Seus olhos me iluminam
feito um mito
um compêndio de infância
que esqueci ou rasguei

seus olhos de infinito
contém a vivacidade
que os meus já não tem

seus olhos são meus gritos
feito ritos de passagem
que caminham pelos cômodos
a me indicar a escuridão

seus olhos são as levezas
de meu ombros
ante tão devota falta
de olhar-me no espelho

seus olhos são as vontades
de voltar para casa
diante a um mundo
tão animalesco
e impassível de paixões

seus olhos
tem um mundo inteiro
que não encontrei
em minhas buscas absurdas

Adriane Lima




Arte by  Alexej Szusar


Penas disformes

 
 
 
 
Já fui serena
para cada dor
escrevia um poema
hoje sou amarga
para cada dor
me entrego a adaga
morrer em ponta de espada
na tortura diária de silêncio
revelo alma de samurai
 
 
 
Adriane Lima
 
 
 
 
Arte by  Drew Darci

Intrépida luz

 
 
De olhos vendados
vem os versos
silêncio vazio
que a pele sente
coagula sangue frio
das horas o livre arbítrio
que minha alma pressente
 
 
 
 
Adriane Lima 
 
 
 
 
Arte by  Willi Kissmer

Equilibrio equidistante

 
 
 
Um dia você acorda
e para de andar no limite
para de se equilibrar
na réstia do tempo
na escassez das linhas imaginárias
na sordidez dos equívocos
nas migalhas de amor barato
na meia verdade do amigo
esse dia, o abrir de olhos é espanto
a respiração é anacrônica  e serena
o ambiente ao redor silencioso e vazio
é o dia em que você cai
cai em si
e se vê em sábio exílio
diante um mundo doente e frio 
 
 
 
 
Adriane Lima
 
 
 
 
 
 
 
Arte by  Isabelle Cochereau

Armações plácidas

 
 
 
As coisas por hora
são esse ramalhete
dias abissais
mergulhados em profundezas
ações sem destrezas
mãos vazias de afetos
anjo que perdeu asas
antes da queda
cicatriz mal cerzida
alto relevo em branca tez
garra podada em pleno salto
sinal de fumaça sem fogo
ramalhete a ser entregue
ao sepulcro que lateja
na boca do calibre 
 
 
 
Adriane Lima
 
 
 
 
 
Arte by  Widyantara
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