segunda-feira, 14 de julho de 2014

Amor bélico

 
 
 
O doce
do jogo amoroso
é deixar vulnerável
o coração
assim, sem proteção
ele se esquece
que não é a prova de bala
 
 
 
 
 
 
 
 
Adriane Lima
 
 
 
 
 
 
 
 
Arte by Ricardo Celma 

Superfícies

 
 
Me despeço
do amor
à primeira vista
em sua ilha
sou turista
 
a nau tem que seguir
 
 
 
 
 
 
 
                                                  Adriane Lima
 
 
 
 
 
 
 
Arte by  Josep Moncada
 
 

Movimentos

 
 
 
 
Saque a arma
blinde o carro
saque a alma
brinde o amor
 
 
 
 
                                      
 
 
                                            Adriane Lima
 
 
 
 
 
 
 
 
                               Arte by Darcy Graux 
 
 

Para entender viagens

 
 
 
Como sempre foi só
o que me pediu :
- passe um batom vermelho
hoje vamos ver o jogo do Brasil
 
Ah,nosso novo velho capítulo
de tudo que já vimos acontecer
a minha gargalhada diante
de tua fala :
lembra-se da Copa passada
foi assim que me seduziu
 
não,meu querido
não foi o batom em minha boca
foi o que a tua nunca mentiu
nosso eterno jogo de empates
sempre resultando em prorrogações
 
- estou quase crendo em reencarnações
 
 
 
 
 
Adriane Lima
 
 
 
 
 
 
Arte by  Lucia Coghetto
 

O antes de novo



Bem que te pedi
não me fale com essa voz doce
não cheire assim minha pele
não erga assim meus cabelos
bem que te pedi
não me faça acreditar
em nossas palavras de amor
não me diga que sabe
de antemão como sou
não diga que ama minha loucura
não peça carinho e ternura
não farei nada amanhã
para mudar tudo isso
mesmo que o passado
encha esse quarto hoje
mesmo que incendeie essa palha
mesmo que a mágica da noite nos valha
amanhã não nos daremos o direito
das velhas dores conhecidas





Adriane Lima


Arte by  Drew Darcy

Por uma paz de palavras



Alto lá
não me venha dizer
de que lado você está
a poesia não tem isso
ela é o avesso
o direito de ser impreciso
a poesia não foi feita
para dizer nada
ou um dizer nulo
só não pode ser comprada
mesmo que a página
em branco, aceite tudo
poesia é alma
universo e infinitude
poesia dói na carne
de quem articula
morder seu osso
poesia tem o peso
do atemporal
e uma ponta de esperança

a dor que me vem aos olhos
ao ver tal incompreensão
é imaginar o poeta nu
trajado em arrogância






Adriane Lima 







Arte by  Francine van Hove

Aos versos da asa





Os diversos mundos
que moram em mim
você conhece
sendo meu sol
a orbitar
sempre tão perto
teu calor solfeja
enquanto durmo
enquanto erro
enquanto aprumo
luz que não se apagou
entre mil metamorfoses
que passei
quem conheceu a lagarta
presa em seu casulo
morrerá amando
a borboleta
pousando leve
e eternamente
em seu mundo :
 

- substrato e rito
entre nossos voos

 





Adriane Lima





Arte by Svenja Jodicke 

Flor cotidiana





O tempo me deu ao menos tempo
de colher algumas flores que plantei
o tempo não espera o sonhador
que através dele, não ama o momento

o tempo em mim
é ilusão que diz sim
nessa hora, pode brincar
de eternidade

 



Adriane Lima





Arte by Brice Cameron 

Pacto silencioso





Amor é dívida que se paga em dia
É dúvida que se cobra à prazo
É apólice sem garantia ...

 



Adriane Lima





Arte by Chermigin Alexey
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