sexta-feira, 25 de julho de 2014

Simbólica harmonia


 
 
Cúmplice de meu próprio sangue
tento me extirpar
para te enxergar em mim

- inconstâncias

desejo a solidão
e peço que me abrace
abro a porta
e peço que fique

abismos sem fim

sempre que me sinto
perto do céu, consigo
fazer uma oração

um pássaro morde o
dia e assovia
um universo extenso
sem partituras

por observação
sei que pássaros
não retornam
aos velhos ninhos
lotados de fezes

- inconstâncias

desejo o amor
e peço metáforas
crio palavras
que mapeiem a vida

muito embora
saiba pela
rotina da existência
o peso das asas
e a rapidez da lebre






Adriane Lima






Arte by  Wendy Vaughan

Simplesmente amanheceu





Se eu soubesse deste grito
doendo-te a garganta
hoje solto
doendo em

meus ouvidos

como as noites
tão pesadas
onde o corvo
quebrava o silêncio e
assoviava indolente

( angústia e desatinos
até então guardados)

ecoava no tempo
tudo o que ele
não me devolveria mais
e doía na alma
tudo que a menina
me culpara por décadas

agora, num único golpe
vejo um homem
me prendendo
em grilhões

ao dizer
que é amor
o que sente
e que lê
em todas as estrelas
meu nome

- destino ou sorte

vida cortando a carne
e eu, não tenho fome
um rio de mágoas
me engole

na língua a saliva secou
pela espera desse amor
não, não me cobre








Adriane Lima




 


Arte by David Graux

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