sábado, 30 de março de 2013

Namoro de gato

 
Dá um tempo
mais jeito
mais trato
me faz um carinho

...namoro de gato...

esse olhar intrigante
transparente e brilhante
corpo macio feito espuma

faz rolar traiçoeiro
um cheiro de vida
um olhar que fita
coração que palpita
sequência de gestos

nada é modesto
em nosso roçar
braços fortes
impressos numa figura de sonhos
e cantos ao se revelar

louca vontade, repletos desejos
de onde farejo o teu acalentar
felicidade invade
deixando a realidade
nos aproximar

vida que chega
e faz do beijo um silenciar

grito secreto, gemido soproso,
gostosa saliva a me desvendar
carinho pedido,segredo dividido
no universo de um lençol

feitos de carne e osso
silêncios e alvoroços
toques de perfeição

olhares trocados
medos fadados
jeito displicente
embocadura de gente
noite de entrega
repleta de namoro

...namoro de gato...



 




Adriane Lima

Voe leve


 
O que ganhamos nessa vida
não vale arriscar perder
não há negação maior
do que se ofender

-ao ser chamada de poetisa

não me incomodo ou cresço
sei que são carinhos e não rótulos
de algo que eu não mereço

ao ser chamada de mãe
acho o máximo e ao
falar dos filhos me envaideço

porque com a poesia seria diferente ?

se ela nasceu dentro de mim
e foi gestada,como uma
criança que fiz nascer
e dei até nome

se sou chamada de artista
por que brinco com as cores
é dessa arte de viver
que na verdade vem minha fome

sou livre para escolher
onde querer me rotular
poeta, mãe, artista

tudo só vem me engrandecer
pois,são palavras que compõem
a minha alma de mulher ...

 
 
Adri Lima
 
 
Arte by Mu ley

Nudez Poética

 
 
Há como não sentir nada diante da vida?
até em afetos nada mais me convenço
nada mais me acelera o coração

o simples fato de ouvir silêncios
deu-me a chance de saber-me estrondo

aqui dentro o cansaço puro
deu-me olhos de desassossego

finjo não perceber a grama crescendo
o ovo que se quebra no ninho
o jasmim que cai após exalar perfume

onde nada é superficial,
a vida segue e nada falha
só eu falhei diante da vida

capricho dos deuses em rebeldia
me deram doses extras de valentia
e depois me encheram de covardia

então não soube mais me convecer
de que tristezas podem ser esquecidas

sobrevivo a essa eterna insatisfação
de ter-me endurecido demais na dor
e desacreditado no poder do amor

oculta,permanecerei em livres anseios
entre o cansaço dos sonhos e aspirações

não almejo mais as revoadas de borboletas
nem que ninguém perceba que me dói a vida

um deserto que atravessei sozinha
jogando pérolas e me perdendo
pelos caminhos

Bendita seja essa transitoriedade
de não saber o que escrever em meu Epitáfio...




Adriane Lima
 
 
 
Arte by Renso Castaneda
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