Dá um tempo
mais jeito
mais trato
me faz um carinho
...namoro de gato...
esse olhar intrigante
transparente e brilhante
corpo macio feito espuma
faz rolar traiçoeiro
um cheiro de vida
um olhar que fita
coração que palpita
sequência de gestos
nada é modesto
em nosso roçar
braços fortes
impressos numa figura de sonhos
e cantos ao se revelar
louca vontade, repletos desejos
de onde farejo o teu acalentar
felicidade invade
deixando a realidade
nos aproximar
vida que chega
e faz do beijo um silenciar
grito secreto, gemido soproso,
gostosa saliva a me desvendar
carinho pedido,segredo dividido
no universo de um lençol
feitos de carne e osso
silêncios e alvoroços
toques de perfeição
olhares trocados
medos fadados
jeito displicente
embocadura de gente
noite de entrega
repleta de namoro
...namoro de gato...
Adriane Lima
O que ganhamos nessa vida
não vale arriscar perder
não há negação maior
do que se ofender
-ao ser chamada de poetisa
não me incomodo ou cresço
sei que são carinhos e não rótulos
de algo que eu não mereço
ao ser chamada de mãe
acho o máximo e ao
falar dos filhos me envaideço
porque com a poesia seria diferente ?
se ela nasceu dentro de mim
e foi gestada,como uma
criança que fiz nascer
e dei até nome
se sou chamada de artista
por que brinco com as cores
é dessa arte de viver
que na verdade vem minha fome
sou livre para escolher
onde querer me rotular
poeta, mãe, artista
tudo só vem me engrandecer
pois,são palavras que compõem
a minha alma de mulher ...
Adri Lima
Arte by Mu ley
Há como não sentir nada diante da vida?
até em afetos nada mais me convenço
nada mais me acelera o coração
o simples fato de ouvir silêncios
deu-me a chance de saber-me estrondo
aqui dentro o cansaço puro
deu-me olhos de desassossego
finjo não perceber a grama crescendo
o ovo que se quebra no ninho
o jasmim que cai após exalar perfume
onde nada é superficial,
a vida segue e nada falha
só eu falhei diante da vida
capricho dos deuses em rebeldia
me deram doses extras de valentia
e depois me encheram de covardia
então não soube mais me convecer
de que tristezas podem ser esquecidas
sobrevivo a essa eterna insatisfação
de ter-me endurecido demais na dor
e desacreditado no poder do amor
oculta,permanecerei em livres anseios
entre o cansaço dos sonhos e aspirações
não almejo mais as revoadas de borboletas
nem que ninguém perceba que me dói a vida
um deserto que atravessei sozinha
jogando pérolas e me perdendo
pelos caminhos
Bendita seja essa transitoriedade
de não saber o que escrever em meu Epitáfio...
Adriane Lima
Arte by Renso Castaneda