quarta-feira, 27 de junho de 2012

Represa de palavras


 
Poema na carne
é o que te dou  
onde jogo
sons e gestos 
e oferto-te
todo o orgasmo
que em mim
nunca provastes 
sabor de soro
diante o medo
que paralisa o ar 
nossos segredos
esfacelados
caem ao chão
feito inexplicáveis
sobreviventes 
Eva em noite
de lua crescente 
sabe que amar
nunca é pecado

 
 
 
 
Adriane Lima



( Imagem retirada da net )

Véspera de quê?



Vê se espera
a tua fera acordar
Vê se espera
o teu medo partir

Vê se espera
a tua força nascer
Vê se espera
o teu amor florescer

Véspera de quê?
de nada,de tudo

emboscada,seda,veludo
fisgada em boca de leão

alvo solto,
bala,flecha,alçapão

Amor ,fez armadilha
cevou a água
selou a carta
fechou a cova

Véspera do dia "D"
anuncia : fêmea no cio ...

 
 
 
Adriane  Lima
 
 
 
 
( Imagem retirada da net )

Tripas Sentimentais




Meu acreditar é interno
mais que imagino
ondulantes presságios
me revisitam

e você me mata diariamente

e minha alegria inocente
sempre é a vítima
que sangra mais

jogos de poder e palavras
onde procuro ver do
que uma mente é capaz

não há enxague bucal
para tua boca de lobo

me adjetivo de forças
transito entre dois mundos

fardo que cuspo
a contragosto

em ti implanto dentes
de minha dor carnívora

você que estraçalhou
meus melhores sonhos
embaçando a visão
de um futuro

meio lunático
meio profético

e assim transparente fico

in vitro
faço uma fertilização

com os sulcos
que o tempo marcou
e minhas lágrimas molharam
planto flores e remorsos

dou vida ao que restou
e nesta terra de ninguém

admiro o animal
que come o filho
por medo do predador

vida sufocada
ferida na própria carne

ossos, ofício
dom de cada um
ou o que inexiste
ou é inusitado

algo indócil no ar
garganta aberta
feito porta
para esperança entrar


Adriane Lima
 
Arte by  Soledad Fernández 
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