quarta-feira, 31 de julho de 2013
Mansidão
Com minhas mãos de algodão
refiz nuvens de ovelhas
para uma tarde sem céu
empasto olhar
Adriane Lima
Imagem retirada da internet
segunda-feira, 29 de julho de 2013
Sem tempo para as nuvens
Mais um final de dia
sem a poesia
dividir a escassez das horas
para me pertencer
ao luxo de ser poeta
ou aprendiz
saboreando a morte diária
penso no que anoitece comigo
por entre o tempo
penso no que me move
expresso o que me comove
e me fez chegar até aqui
cada ser que me atravessa
e me compõe
feito pétala
solta pelo tempo das decisões
vão se perdendo em esquinas
quem estará usando
aquele meu vestido de renda
bordado por mãos
tão delicadas
quem estará calçando
aquele meu sapato de lã
confeccionado pela
minha avó
as lembranças
amareladas
nuances brancas
em várias demãos
vão passando
passando em vão
o tempo e suas perdas
a maturidade e seus ganhos
no ir e vir das urgências
mais um dia se finda
restou-me a nostalgia
e uma "quase poesia "
apenas para deixar meu rastro
enquanto finjo que sou
quem eu gostaria de ser
Adriane Lima
Arte by Ernesto Arrisueño
segunda-feira, 22 de julho de 2013
Solitude
A aranha tece a teia
onde nada se mexe
-aprendi casear botões
O cão sabe a hora
de se alimentar
-aprendi cozinhar solidões
O pássaro recolhe galho por
galho
para fazer seu ninho
- passei a viver o hoje
entre fragilidades
instinto aprendido
vi tudo isso
em seus ciclos
vínculos com o uniVerso
usufruir do fluir
o divino compromisso
da vida a passar
em construção com a solidão
Adriane Lima
Arte by Omar Ortiz
Poema Flutuante
Chegar ao limite de âncora
uma salva de fogos
aos morto vivos
um deus mais puro ?
um caos seguro ?
por onde começar
enquanto espero levantar
oh, mãe natureza
a lua
o sol
eclipse em profusão
o peso do apreço
nos ombros
torneado por flores
por cima
os sonhos mal vestidos
marcas engomam
o ego de aventuras
falta ar
falta fôlego
é avião voando
rente ao chão
- perdemos
perdemos a hora marcada
sinuosos corpos
sob anaguas do destino
obediência estoica
presa a orelhas
de poucos ouvidos
o que nos humaniza
além do verso de cada poema
é a liquida certeza
de uma bolha de sabão
passível de poesia
Adriane Lima
Arte by Larissa Morais
sábado, 20 de julho de 2013
Vestida de noite
Sempre é silêncio
para começar um poema
o som da respiração
busca palavras em cadências
vagarosamente
elas saem de mim
pingando feito estrelas
na noite de um céu de julho
cada vez mais perto estou
das palavras estrelas
em meu peito aberto
visto imagens etéreas
quebro o silêncio
com um suspiro intenso
-nasceu o poema
arte interna
vinda de mim
como um astro
que aparece de repente
dor
alegria
paixão
recortes
estendidos no varal
do tempo
levados pela minha existência
saídos dessa urgência
irão compor novos seres
que ao lerem irão transformar
as palavras,os astros,o poema
em novos silêncios ou gritos
e passarão a habitar comigo
a mesma dimensão
Adriane Lima
Arte by Igor Kamenev
Sem asas
Há um remoto controle
sobre tudo
há sobre tudo
um controle
sobre a vida
sobre os passos
remotamente
há controle
tempo
passado remoto
o analgésico da dor
o alívio que conforta
paliativamente
o que as mãos não suprem
Adriane Lima
Arte by Renzo Castañeda
sexta-feira, 19 de julho de 2013
Cheiro de Nostalgia
O doce amargo das lembranças
talvez tenha o cheiro das rosas
nostálgicas
elas falam por si
espalham fragrâncias
e trazem muito de mim
-essência
casas de avós
muros baixos
meninos descalços
liberdade
pipas no ar
o doce amargo das lembranças
não vem das rosas
vem de minha memória olfativa de criança
rastros de saudade
por cada detalhe que deixei passar
-lembranças
hoje eu queria
que elas fossem minhas
e são
as rosas,não
Adriane Lima
Arte by Mark Arian
quinta-feira, 18 de julho de 2013
Poema e Perdição
Há muito se perdeu o bonde da
história
guardado ficou o vestido da
festa
o tropeço na
pedra
o corre corre,pega
ladrão
esconder-se
é mais
prudente
a vida
dói
feito picada de serpente
Adriane Lima
Arte by Faddal Abdel Hallah
Doses Voláteis
Malditas dores
ociosas
ditas por malfeitores
jocosas
olhares de caçadores
culposas
as dores endurecidas
honrosas
as ditas,
não vão embora
impiedosas
eu rezo
e assim
ditas por mim
benditas dores
penosamente
que fiquem
e simplifiquem
o meu acervo
bibliográfico
Adriane Lima
Arte By Saturno Butto
Dança das horas
Mais um dia lento
passada a intempérie das horas
-chovo
ensaio um poema
feito um passatempo
queria rimas leves
como passos de dança
sem cobranças de significados
como um tango
ou um fado
danço com as horas
que pulsam em meu imaginário
- ou seria apenas o visível blues
dessa beleza de sentir
que em mais um dia
simplesmente se vive
Adriane Lima
Arte by Duy Huyhn
quarta-feira, 17 de julho de 2013
Poema reflexo
Eu quis falar de humanidade
saciar homens
e suas vontades
eu quis falar de efemeridade
-escrevi um poema no espelho
com a ponta dos dedos
sutilmente entendi
de bondade efêmera
de medos vagos
e ideais secretos
a palavra transparência
não se escreve
se manifesta
diante do espelho
e de si mesmo
entendemos universos
ilusões em reflexo
emoldurados no breu
ficamos castos
Adriane Lima
Arte by Alberto Pancorbo
Azul amor
Somos crianças ao
luar
desejando roubar
estrelas
e nossas
rugas
são rios,são linhas
tênues
vindas de nossos
risos
todo universo
nos
perdoa
somos o
reflexo
da imensidão
azul
diante das
estrelas
ganhamos asas
e brilho
único
essência desse
viver
nosso
sentir
transborda amor
Adriane Lima
Arte by Jean Delville
InVersos
In versos te conheci
mas nunca fomos contrários
em nosso inverso
em nosso avesso
estamos sempre do mesmo lado:
um ao lado do outro
numa cumplicidade de vida
onde a plenitude de cada individualidade
somente reforça nossa vocação de sermos um
gestamos letras por letras
a vida dentro de nós
passamos por labirintos
e nunca estivemos sós
misturamos destinos
cartas marcadas ou não
o amor falou mais alto
entre a razão e o coração
não há olhares soltos
quando nos sabemos distantes
versos, vida, certezas fortes
arestas de diamantes
Adriane Lima e Orlando Bona Filho
Eterna luz
Eterna lembrança
leve viagem
em meu olhar de criança
memória de um lugar
infinitamente meu
- amor amigo
- amor abrigo
Adriane Lima
Arte by Joseph Clarck
segunda-feira, 15 de julho de 2013
Trocas silenciosas
Apenas um
gesto
para tua mão de
macho
apenas uma
palavra
para meu olhar de
fêmea
apenas o
humano
que nos
acolhesse
e dois
universos
mudariam para
sempre
Adriane Lima
Arte by Jack Vettriano
Mar de levezas
Busco esse
olhar nascido
das
ondas de minhas lembranças
água, quentura e aconchego
palavras mágicas em minha criança
futuro , presente, passado
mergulho
só onde encontro pouso
Adriane Lima
Arte by Zena Hollaway
Infinitudes
( Para meu filho Gabriel )
Nossos olhos se
entendem
diante a primeira
erguida
de
sobrancelhas
nossos braços se
estendem
diante a primeira
busca
assim somos
nós
longe,nunca
distantes
somos unidos não só
pela lógica da
genética
mas, de alma para
alma
somos o
pressentimento
ante a
chegada
minha gratidão por
ti
vem além dessa
jornada
sou mãe pelo
universo
és filho pela tua
imensidão
o caminho nos
presenteou
com o verão de
janeiro
dali seguimos
juntos
hoje longe
porém, inteiros
Adriane Lima
Arte by R. Olbinski
Intenções líricas
Eu era a
musa
a dona dos
poemas
e das
canções
eu era a
rima
e rimos e ríamos
disso
eu era o
verso
o avesso
e o
viço
do
desejo
um dia
poemo
no outro
sou tudo
isso
Adriane Lima
arte by Rafal Olbinski
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