quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
Pássaro passarás...
Contaram-me histórias, de pássaros livres,
de penas coloridas, de canto afinado.
Contaram-me histórias de pássaros que vão onde desejam,
infinitos espaços em liberdade.
Mas ontem, me falaram da história do João de Barro.
Que prende sua amada para vê-la morrer.
Ainda não entendi essa lógica, de iguais se aproximarem,
podarem o voo do outro por um simples prazer.
Amor sem liberdade e pássaros sem voo não sobrevivem.
Assim também são os versos, precisam de espaços para existir.
Limitar-se em espaços é não ter versos possíveis , apenas desconsolo.
Pássaros, amores e versos devem ser livres, quando a liberdade
se movimenta, a vida se reinventa a cada ato.
E assim penso sobre pássaros e versos.
Na vida é preciso extinguir fardos e a liberdade interna ninguém tira.
Aprisiona-se o corpo mas não, a alma.
Não é necessário se prender para ganhar o amor,
não entendi a essência desse pássaro.
Desejo de pássaro é ter livres penas,
amor de pássaro é voar em imensidões de céus azuis.
E essa liberdade e amor são mais reais
que qualquer poema que alguém possa escrever .
Não me interessam histórias de pássaros e homens
que não sejam livres, que não façam escolhas.
Pássaros com nomes de homens.
Homens com asas de pássaros.
Misturaram-se nessa história ...
Ampararam-se na coragem de ser pássaro com nome de homem,
sem interromper trajetórias de homens com sonhos de pássaros.
O tempo pássaro por nós, João de Barro, acredite!!!
Adriane Lima
Arte by Denis Nunez Rodrigues
Poeminha da proteção
Há quem, com isso, se incomode
ao rezar, sinto minha avó
e no ar, um cheiro de
"comigo ninguém pode "
-pura proteção...
Adriane Lima
arte by Lucio Frizzotti
Peso dos dias
Como dar as mãos
e por pedra nos pés?
descalça em caminhos
sonho a liberdade calçar ...
Adri Lima
Arte by Irene Shery
Poema desnecessário
Cuidado :
Corpo flácido
coração pétreo
isso da vida é o pecado
morrer e estar de pé ...
Adri Lima
Arte by Irina Karbaki
Raíz dos dias
Nas dobras do cotidiano
refaço meus planos
nas raízes da vida
acordo pássaros adormecidos
sempre há planos de voos
Adri Lima
arte by Denis Nunez Rodriguez
quarta-feira, 30 de janeiro de 2013
Entre lua e estrela
Noite clara,lua cheia
pendurar-me em estrelas
não deve oferecer tantos riscos
Adri Lima
Arte by Richard Burlet
Florada incerta
Não há hora certa para nada
ou planto minha begônia
ou mato minha insônia
as duas terei que regar mesmo...
Adri Lima
arte by Kiera Malone
Ressaca poética
Meu barquinho é de papel
o que fazer com o imenso mar
ou reforço a dobradura
ou não deixo ele molhar
Adri Lima
arte by Sigfried Zademack
Espaço poético
Tempo é bom para alguns
é conquista ou perda
quanto mais a uva passa
mais leve se torna o vinho
em minha taça
-brindemos !!!
Adri Lima
( Michael & Ines Garmach )
terça-feira, 29 de janeiro de 2013
Amor alado
O paradoxal detalhe
vigiado por olhos e bocas
era um místico elemento
ao se ter asas e não braços
amantes na forma e postura
copulam em noite de lua
escondem-se diante do sol
ardendo em volúpia e desejo
lendas são traços
onde pulsamos
no bater de asas
mas não de um coração
por simples medo
atônitos ficamos diante
do abstrato
criando formas divinas
Mulher e pássaros
se enamoram
voam em céus de pensamento
Mulher e homens
se enamoram
aprisionam mitos em suas histórias
Adriane Lima
(Baseado no Mito: Leda e o cisne )
Arte by Salvador Dali
segunda-feira, 28 de janeiro de 2013
Amarrações
Amar é linha
que se encontra em novelo
Amar é zelo
que se encontra
em entrelinhas
Adri Lima
Imagem by Susy the Butcher
Tempo do tempo
Vivo de sonhos
conto rebanhos
acordo os conflitos
e de repente "pluf "
não estou mais comigo
novelo em labirintos
tanta lógica em combate
mas é para ser feliz
que vagarosamente vou
me encontrando ...
Adriane Lima
Arte by : Rosana d' Amico
Voo solo
O murmúrio das asas
de uma abelha
fez eco em minha orelha
é tanto zum,zum,zum
é tanto mel escorrendo
assim me vejo perdendo
o foco do barulho interno
O soluçar das asas de um anjo
tocou a minha face
ficou mais fácil respirar aliviada
virar de lado e oferecer a outra face
conforto-me em toques de anjos
que minimizam a dor que não se vai
às vezes é preciso, driblar os olhos
e os ouvidos e inventar lógicas
ter a coragem de despir-se de asas
trajes que trazem insegurança
para quem tem pés
e necessita resgatar-se todos os dias
em solo firme ...
Adri Lima
Arte by: Kathellen Kinkopf
Poema do amor mais terno
Não tem como eu me deitar
sem rezar por você.
Não tem como eu caminhar
Não tem como eu caminhar
e torcer para chegar até
você.
Não tem como eu almoçar
Não tem como eu almoçar
sem lembrar o que você gosta de
comer.
Não tem como eu sonhar
Não tem como eu sonhar
sem estar em meus sonhos com
você.
Não tem como eu não chorar
Não tem como eu não chorar
quando vejo teu lugar por aqui se perder.
Não tem como eu não desejar
Não tem como eu não desejar
que a vida sempre seja grande para você.
Não tem como eu não conjugar
Não tem como eu não conjugar
os verbos felizes que conheço e liga-los a
você.
Amar,sonhar,caminhar,acreditar, festejar
Amar,sonhar,caminhar,acreditar, festejar
e
tantos outros verbos terminados em "ar"
que mando em ti assoprar
nesse meu eterno suspirar ao te ver.
Poderia ser um poema de amor desiludido
Poderia ser um poema de amor desiludido
se fosse assim entendido
que amor de mãe
não tem também esse poder
Adriane Lima
Arte by Ricardo Celma
Embate dos sentidos
Procura-se a inocência de uma ninfa
uma deusa de cabelos ao vento
que orgulhosa corre,olhando a própria sombra.
Procura-se a coragem instintiva de um touro
persona que me abraça e intensifica
o poder do azul de infinitudes.
Há tantas perdas em mim
que nem mesmo a incredibilidade
humana me faz pagar o preço
pelos trajes despidos
pelo cio intocável de verdades
e pela fome de lirismo
assolado pela cruel realidade
Adri Lima
Arte by : Alexander Sigov
sábado, 26 de janeiro de 2013
Flor sem essência
Admiro as dormideiras
plantas que mesmo sendo rasteiras
esperam o toque alheio
para sentirem-se vivas
admiro as dormideiras sensitivas
que mesmo fingindo-se de mortas
sabem-se transitórias
em contornar julgamentos
adormecem em jardim esquecidos
feito pragas
sem levar dessa trajetória
o perfume de flor
esperando o prêmio do toque
de quem cabisbaixo
perceba sua existência
rasteiros são na verdade
os semideuses que nunca a tocaram
seus pés passam alados
sobrevoando divindades
momentos de lampejo
abrem as sensíveis dormideiras
Adri Lima
Arte by Alberto Seveso
Azul espaço
Na dimensão de meus
sonhos
desejo soltar-me
desse
planeta
deve haver uma
galáxia que me
pertença
dentro dessa imensidão azul
Poetas amam um blues...
Adri Lima
quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
Peso pena
Há um
pássaro
um bípede
emplunado
voando em pleno
céu
plaina em
imensidão
olhando-o
sinto-o
em minha
cabeça
percebo-me
em
labirintos
corpo,alma e
coração
há meu
silêncio
sem
pés
sem
céu
sem
chão
há meu anseio de
resgate
e a incerteza de saber o que é
destino
e o que é precipitação
...
Adri Lima
Imagem retirada da Net
Complacência
Nada humano é
de verdade incondicional
nada além do provisório,do ilusório
o proibido limite do dilema
razão e significado de um poema
não, não sei
felicidade obrigatória
é a angústia do disfarçe
Adri Lima
arte by Sharon Sprung
Dicionário para acordar o tempo
Anoiteço Brasas
Completa Dualidade
Ensaiando Frieza
Gentileza Herdada
ilusão Jamais Lamentada
Maldades Não Ofuscaram
Para Quem Resolveu
Sistemas Tragédias Utopias
Viver : xis , zê ...
noves fora nada ??
não me lembro de ter entendido
essa equação matemática
então, fiz um poema
Adri Lima
Arte by Maja Vucovick
Pô! Ético ?...
Me tornei diabético
doçura em ponta de dedos
e assim
me tornei dialético
teses de amor
comecei a escrever
foi então que
me tornei um cético
não havia meios de chegar a você
e apaixonado
me tornei poético
criei ilusões em rimas
e assim antiestético
percebi que era um vício escrever
e de poeta patético
deixei minha imaginação prevalecer
e você?
você virou a musa profética
dos sonetos contados
silabas por silabas
com efeitos fonéticos
que jurava ser a minha perversão
que se punha a esconder
Adri Lima
Arte by Tomasz Alen Kopera
quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
O Amolador de facas
Eu menino
eu sem mimo
e o afiador de facas
a tocar sua gaitinha
me tocava profundamente
aquele floreado bonito
era quase primavera em mim
o seu tocar era menos pelo ofício
e mais pelo destino
de quem se fazia passarinho
e cantava um canto bonito
em sua bicicleta-oficina
enquanto amolava facas
afiava meus sonhos
e com os pés descalços corria e ficava
a observar aquele encantador sem pauta
as facas eram como serpentes
não perigosas
mas encantadas nas mãos daquele homem
que por certo não sabia
do encantamento que trazia
ao amolar facas
em habilidosa dança
encantava a rua
o dia
a infância
a simplicidade
que muitas vezes vivemos à cata
era diariamente trazida
pelas mãos humildes
do amolador de facas
e o menino
hoje crescido
ainda corre à janela
quando o velho amigo passa
amolado de lembranças
que a solidão abraça
Adriane Lima e Orlando Bona Filho
Espada em palavras
Me dispo
de frágeis armaduras
de finas armadilhas
espatifo-me em pedaços
não me colo
me recolho
cabeça cortada
não obedece corpo
mas enxerga quem deu o golpe ...
Adri Lima
Vestigios nús
O seu perfume invade a casa
fragrância que perturba
entender não adianta
sua invasão não me pergunta
mexe com sentimento
onde não dei consentimento
Adriane Lima
Arte by Jack Vettriano
Camuflagem
Tem dias que desejo ser
enfeite
ali pendurado na
parede
fazendo parte do
cotidiano
assim tomando formas do
lugar
mimetismo
apropriado
para em meu silêncio
ficar
Adri
Lima
Arte by Cecilia Paredes
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