terça-feira, 11 de outubro de 2011

Meus Versos



                  

Hoje crescentes
ontem ausentes
não aprendem

palavra entoada
não é diversão
é saida d'alma
pura intuição

Meus versos
muitas vezes
imperfeitos
sairam de meu peito
como um grito
que se calou

Versos infantis
risonhos e febris
que brincam de sonhos
quando a  noite vem

Versos feitos
em meu destino
por suaves desatinos
que pela manhã
não sabem onde
aportar

Meus versos recentes
eu fiz somente
para não lançar

a palavra
guardada
manchada
borrada

Na tela da imaginação
que não pude
com você ousar...





Adriane Lima

Encantamento


Quisera ser sereia
viver na profundidade
escuridão escarlete
azul imensidão

Nadar entre musgos
soprar conchas e
me enveredar nos corais
me exorcizar nos cristais
estalactites de sais

Cantar meu canto
enfeitiçar pescadores
descançar em arrecifes
em pleno dia
comtemplar a lua
toda nua ve-la
nascer e morrer

Lançar estrelas ao mar
para a corrente
as levar
ter o olhar leve
breve como ondas
em seu recuo diário

Repousar em um corsário
de marujos esquecidos
perdidos em alto mar

Depois de vencer marés
pisar com pés firmes
a pálida areia macia
perder a cauda
para o mar
transmutando meus
segredos de mulher

E após ter meus
pés libertos
ser por poucos
descobertos
espalhar meus versos

Buscar no reino
do encantamento
sôfrego sofrimento
de quem só
deseja transformação

Do mar a terra
trazer a fantasia
em forma de poesia



Adriane Lima
 
 Imagem retirada da net 

Atemporal

 


Não luto mais
contra o tempo
ou as suas
intempéries

Há vento no
meu quintal
minha poesia
atemporal

Palavras que
busquei cerzir
no escuro
um futuro que
enxerguei em vão

Com meus pincéis
em mãos
usei as cores
da paixão

Mas eu
mesma esqueci
que as tintas
da emoção
mudam de cor

O quadro
perdeu o
sentido
o tempo
envelheceu
papéis escritos

E minha paz
buscou
outra direção

Escolhi parar de
costurar sonhos
ou pintar o que
perdeu a cor

Parir emoções
tem lá suas
limitações...

 
 
Adriane Lima

Simplificar



Até aquela tarde ela era
só uma menina
lambuzada de tinta
Criando casos
construindo pontes
olhando horizontes
entornando cores
revendo amores
E então...

Inventou o acaso
fez nascer o equilíbrio
entre o que via e o que sonhava
entre o que continha e o que soltava
entre o que lhe vinha e o que voltava

Entre o tom puro e o cinza escuro
entre o avesso e o endereço
entre o moço e o seu segredo
entre o olho que sente e o que a boca mente
E dentro dessa alquimia 
o abstrato não mais existia 
e de concreto fez-se o verso 
liberado ao sete ventos 
a tela dos sentimentos
 
feita em tons pastéis
 

 
 
Adriane Lima
 
Arte by Sergey Ignatenko

Omissão




Certas palavras digo
com rapidez e sutileza
algumas não ponho na mesa
tenho medo de servi-las
como quem enfeita um bom prato

algumas palavras de fato
merecem reconhecimento
até umas honrarias
em nome das patifarias

há palavras assim que saem
e nos deixam mais leves
buscam espaço na boca
e tudo depois é que ferve

há palavras que são veladas
quando saem são ofuscadas
por gestos desnecessários
onde não deveriam ter vazado

palavras eu escuto
e em muitas não faço nada
sinto-me amordaçada
pela forma como chegam
palavras que me colocam
em um grande xeque mate

talvez nelas faltem uma razão
para guarda-las em pensamento
minha vontade, é na verdade
joga-las pelo chão
dizendo um sonoro palavrão
já que esse é nascido da emoção

mas tem palavras
que não tem jeito
elas calam em meu peito
de menina tão educada

mas, meus olhos....
ah, esses falam mais que as palavras...




 


Adriane Lima
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