quinta-feira, 30 de abril de 2015

O peso do belo

 
 
Para onde irão
os sorrisos ternos
imantados nas fotos
as palavras doces
proferidas num
momento de paixão
os beijos imaginados
diante à boca
que os pedia
enquanto à vida,
dizia não
para onde irão
os anos passados
calendários levados
ou mesmo esquecidos
por mera obrigação
onde guardar
o vivido e o não vivido
em peito apertado
em olhares distantes
como anexa-los
nas páginas viradas
dos sentimentos esvoaçantes
que nos visitam sempre 
 
 
 
 
 
Adriane Lima
 
 
 
 
 
 
 
Arte by Amy Judd 

A lente dos sonhos



 A palavra sonho
envolveu-se de asas
oníricas cascas
laços que desaprendi
desatar

estranhos horizontes
quimeras, reflexos
enfadonhos, de
meu porvir mulher

exílios calados
passos trocados
amores rasgados
tempo vão

abutres me comeram os
olhos de ver a imensidão
animais domesticados
não me ensinaram:


que o ventre é armadilha
que o riso é frouxo
que o pão nosso de cada dia
não alimenta sonhadores

animais amansados
e suas caudas
quebradiças e esvoaçantes
brindam até o vazio

não é difícil morrer
em vida
não foi difícil amar
todos que em vida
amei

meus versos
falam de mim
e todos meus enganos
caminho e questiono
o leão que ruge e pesa
em peito caverna

guardo mágoas e culpas
onde fiz dos olhos oceanos
vertendo dores embaçadas
entre sorrisos vis

há muito está escuro
a luz só filtra o sonho
adornado por flores
como as coroas que chegam
ao último repouso
do já frio cadáver











Adriane Lima










Arte by Samira Akmanfhar 


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