quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Por entre vazantes


O tempo é exato
diante as coisas mínimas
onde quase assistíamos juntos
um naufrágio voluntário


parecíamos atentos
e não encontramos
em nossos mares
uma correnteza para
palavra Não


Um silêncio, entre corpos
rimas molhadas
por enganadoras reticências
identificadas pelo antigo viver


como entrega de cadela sem dono
a alma esquece o abandono
navega na curva sonora
sem nenhuma explicação


o que eclode certamente
ninguém sabe, no entanto
os sentidos vivem
na resistência cotidiana


embarcamos sempre
em nossas possibilidades
guardamos o caminho
ao tocarmos os instantes


porque sempre houve um cais
em nossos pés de abismos








Adriane Lima















Arte by  Alex Stevenson Diaz

Ilusão colorida

 


Faz sentido um mundo
que se esvazia para o nada
uma solidão diferente
que se encosta complacente
entre estrelas e vaga-lumes


canta feito pássaro matutino
sem se importar se ouvirão
sussurra segredos
com jeito felino
a espreguiçar-se 

como flor desabrochando

entre vales e montanhas desapruma
tece as tardes em bordados
onde a relva toca a pele
e o rio sabe que anoitece
no coaxar da monotonia


ali estavam meus olhos
sem nenhuma intenção
de palavras e vozes






Adriane Lima





Arte by Christophe Van Daele
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