segunda-feira, 18 de junho de 2012

Poema para ( a) cordar o tempo



Não é fácil sentir-se leve
o peso dos pés estagnados
no cotidiano
não é prêmio algum
é prisão celeste

Voos surreais
pousados em parabólicas
avistadas ao longe

Calmaria de um silêncio
enlouquecedor
que me afina a visão
e me enche de metáforas
e medos

Desejo que as horas
tenham asas de cera
e se derretam com
delicadeza e poesia

o gosto do café
já perdeu o sabor
é tudo tão
soluvelmente cotidiano
que me dissolvo
entre coisas
inanimadas

cores buscam novas nuances
e, não é fácil
acreditar em sonhos
que durem mais que um espaço
entre meu desejo e meu retrato

é tudo estático
perdi tantos pedaços
ao longo de um caminho

busco o brilho de um verniz grudento
que cole minhas verdades
e dê forma concreta
a minha pulsão de vida
que adormece há tempos
na mais alta abstração

Adriane  Lima
 
Imagem: Mark Spain 
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