Volto de minhas viagens em solidão
hoje me vejo com outro silêncio
outras fronteiras a percorrer meu chão
Mais loba, mais livre, mais feroz
mais árabe
mais árabe
mais árida de você
Desértica...
sem oásis, sem visão do teu querer
Menos farpas,onde me golpeei sem saber
uso outras vestes, o mesmo manto
sob meu rosto a esconder
Fui ao deserto de uma terra
que sempre sonhei conhecer
Aprendi a ser muralha
Aprendi a ser muralha
voltei para te esquecer
Desabituei-me da planície
cansei de correr
fiz-me montanha nesse sobe
e desce de sentidos
que servia teu bel prazer
Galopei-me em descompassos
de teu silêncio mordaz...
voltei,como sempre volto
voltei,como sempre volto
em minhas íntimas desilusões
Hoje menos incerta
mais asa, mais areia
menos perguntas
menos respostas
do que quisera saber
E dos silêncios quero menos
quero agora cansei de não ter terrenos
para pisar o mundo à fora
Só agora voltei, para mim inteira
sem torturas, amarguras,
cárcere de tuas livres palavras
colada em noites de lua cheia
Espinhos, flechas certeiras
guerras internas
meus credos e teu desamor
ventos soprados
ao lembrar o meu pavor
Me afogo em cova rasa
de não ter sido tocada em tuas verdades
calam as palavras e descolam os gritos
calam as palavras e descolam os gritos
como raiz, que não sustentou a flor
Voltei para acordar do esboço
que não soubemos dar a esse amor
Voltei sim, estou aqui
igual ou diferente
contrária do que era ao sair
Parti machucada,crua
vazia,cheia de incertezas
silenciosa, pura e covarde
astuta mas sem maldade
banhada em gotas
de orgulho e serenidade
Vim com a força dos Deuses que visitei por lá
sou hoje metade Dionísica, metade Socrática
sou hoje metade Dionísica, metade Socrática
metade visionária, metade contrária ao teu querer
Trago ramos de flores como oferenda
quero que as aceite
Mas finja não saber,que são para você...
Mas finja não saber,que são para você...
Adriane Lima
*Poema feito em 2010 após voltar de uma viagem a Cuzco (Peru)