quarta-feira, 22 de abril de 2015

O ponto cego da guerrra





Cuidado,
ela é louca, é poeta
escreve rimas
sobre latrinas
escreve em métricas
dores fétidas
cuidado
ela é dona de uma ira santa
inversiva, suicida e acrobata
cuidado,
ela é capaz de rasgar o vil metal
ela é tão louca
que deixará
o poema à mercê
para você
escolher
o final









Adriane Lima








Arte by Flora Borsi 

Remissão das palavras

 


O vazio de um peito
esta cheio de dor
a existência
se ausenta
na verdadeira natureza interior


uma metade inteira
uma metade vazia
uma vida suspensa no ar


o falso alimento
das palavras e do silêncio
ocupam o delírio
da observação


caprichosamente
o vento leva
o vento traz 

palavras aspergidas no ar

são essas gotículas de vida
o pó da morte, o meu antraz







Adriane Lima






Arte by Brian McNeil 

A voz do vento

 
 
Ah, meu amigo
essa frase que me disse
já tem algo de antigo
 
sim, a noite todos
os gatos são pardos
 
hoje te respondo
à noite, todos
os recados são bardos
 
 
 
 
 
Adriane Lima
 
 
 
 
 
 
 
Arte by  Lesley Banks

Poesia-me




Meu objeto poético
é fiar sonhos
na resistência das palavras


me enternece o doce
de uma estrada enluarada
unindo versos cheios de estrelas
e algumas asas machucadas


de que me valeria o verbo
a testemunhar sutilezas
e esquecer de enxerga-las?


sei descrever ficções
adentrar seus personagens
na carne robótica
 

sei prever seus insólitos fios
de uma vida caótica




Adriane Lima




Arte by Flora Borsi
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