sábado, 10 de agosto de 2013

Bailemos







Quando na vida me disseram
que eu tinha que dançar
conforme a música
tomei providências
entrei numa boa escola de dança
aprendi de salsa a bolero
desviei dos lero-lero
demorei no samba rasgado
e no tango premeditado
hoje escolho o jazz
Por isso é que sempre danço conforme a música
mas,a música que eu escolho
e no ritmo ,que eu quero



Adriane Lima




Arte by  Anick Bouvattier

Poema da proteção





Faço ilha
de seus pés
ingenuamente subo
teu corpo junto ao meu
calor e respiração
no cerne das palavras
fragilmente expostas
busco a proteção
invento
pequenos pedaços
de quase nada
tornam-se seguros
de dia valso
de noite me salvo de dilúvios

 


Adriane Lima




Arte by  Liubov Tocheva

Dos pássaros para eternidade






Hoje acordei pensando
o que será que a vida me reserva ?
uma doença incurável
ou só uma febre amarela
um acidente notável
feito protagonista de novela
ver os netos correndo na sala
eu fazendo crochê e banguela
surpresas boas ou nem tanto
já que a solidão é companheira
em noites de insônia eu fico pensando
que a vida me deu uma bela rasteira
as vezes me pego chorando
sem ter motivo ou rancor
foram as escolhas que fiz
amei e desamei do meu amor
tive poesia em ponta de dedos
me dizem que não há mais o que fazer
perdi sonhos não há segredos
é tempo passando
idade avançando
e o peso dos ombros me dando medo
fecho os olhos e sinto falta do passado
das madrugadas cantando para o filho adormecer
do barulho das festas
da minha gargalhada alta depois de beber
o violão e as serestas
dos amigos e das noitadas
da pia bagunçada
após os almoços de domingo
e de tudo que fiz por merecer
sempre me encantei com a liberdade
em cada derrota não me deixei morrer
eram outros tempos, é verdade
onde no desespero
eu ressuscitava
onde eu era bela e tinha vaidade
minha solidão foi o grande alarde
Hoje acordei pensando
o que será que a vida me reserva
sei onde errei em cada etapa
sei que não fui muito de reza
de muita coisa posso me orgulhar
degustei cada segundo
e não tive pressa
se morresse hoje iria feliz
nunca desperdicei milagres
em tempos de misericórdia

 



Adriane Lima



Arte by  Andrey Hamnev

Fluir no Amor

 
Penso no amor
tudo que li
tudo que vi
tudo que senti

não há nomes
nem flores
água transparente sequer

amor raro
amor impuro
não há como culpar destinos

o seu vazio
ou o meu todo

o desamor ou o amor
não, não é do outro

é da palavra trancada
do olhar absorto
que habitam
dois ou nada

 
 
Adriane Lima
 
 
 
Arte by  Irina Vitalievna

Universo das palavras






Estou virando pedra
rolando pelas encostas do mundo
sendo conduzida nesse ir e vir profundo
estou carregada de pessoas e pesares

sou a metáfora que se pede para quebrar
 

Me bate vida ... me fure
não quero ser pedra
quero ser concha do mar...
 




Adriane Lima 


Arte by Michael Whelan







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