quinta-feira, 9 de abril de 2015

As razões do voo





Meu desejo
era salvar-te
muito embora
não entendeste
minha razão


meu desejo
era negar-te
ninho em braços


foram gravetos frágeis
ao coração






Adriane Lima










Arte by Alexander Dimitrov 

Mãos em fios de nylon




Em minha dor
você brincou de malabares
jogou devagar
equilibrou pesares
até ter a certeza
de familiaridade no ar











Adriane Lima











Arte by  Salvador Dali

Flor aérea




Engraçado que
algo sempre morre
com o final da tarde


o lilás matizado
entre o azul celeste
revela a chegada da noite
que está para nascer


entardecer...
 

estranho verbo
que em mim excede

tantas verdades

o amanhã
chega em vãos
de estrelas e luzes


o céu parece pincelado,
cravejado com minhas metades







Adriane Lima





Arte by Christian Schloe 


Diálogos Possíveis

 


A alma tem desejos
o corpo tem os beijos
a alma tem tremores
o corpo tem amores
a alma tem perdas
o corpo tem marcas
a alma tem sonhos
o corpo tem cansaço
a alma tem o poeta
o corpo tem a escrita
a alma tem a loucura
o corpo tem o grito
a alma tem a filosofia
o corpo tem o dia a dia
a alma tem o amor
o corpo tem a saudade
a alma tem a nostalgia
o corpo tem a verdade
sincronias inexistentes
de ser homem e poeta veemente
ou ser o ingênuo que
perpetuou pétalas,
após as rosas secarem
apenas para reter o perfume
do que já fora extirpado
apenas para conter entre
corpo e alma o delírio
o sonho do equilíbrio efêmero
ali, somente ali, onde
a alma grita ao corpo :
poeticamente sou tua
e assim, nasce o encontro






Adriane Lima






Arte by  Wahyhu Srikahyadi

A repetição de meus mortos

 
 
Minha alma conhece o desamor
os lábios que sorriem estirados
como uma cicatriz que se estende
no frágil corpo que sangra
 
nem toda descrença vira pecado
 
Minhas mãos conhecem os gestos
a alma perdulária que fala soberbamente
como uma ave que entoa seu canto
no frágil galho que flexiona
 
nem todo pecado vira descrença
 
Ambos adormecem em
cada poro de meu corpo
restos que impunemente
ganhei da navalha do tempo
 
sem o consentimento
vieram abocanhando meu Eu covarde
hoje liricamente me expresso
e costuro entre silêncios as tristezas
 
docemente aprendi
abrir o peito e fechar o corpo
pequenas rezas me orientam
a suportar com firmeza
 
 
 
 
 
 
Adriane Lima
 
 
 
 
 
 
 
Arte by Alyssa Mons 
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