quinta-feira, 7 de janeiro de 2016
Covardia intimista
Lá no alto
de nossas superficialidades
fomos livres
Como galhos que se elevam aos céus
sem desejo de tocarem nada
apenas sobem em direção ao sol
não obedecendo o curso da vida
Fomos as sombras
desenhadas pelo silêncio
dos poemas
que nunca confessaremos
Adriane Lima
Arte by Christian Schloe
Adentrando esconderijos
Perdi as chaves de casa
pelo simples desejo
de adentrar as janelas
Perdi a metade da asa
pela estranha vontade
de retornar ao casulo
Gestos sem sentido
que me fazem seguir
o instinto felino
das garras aparadas
pelo destino de fêmea
Adriane Lima
Arte by Hugo Urlacher
Limitações
Hoje eu queria
na cápsula do tempo
fazer uma poesia
Vinda da mansidão
das chuvas internas,
das ruas e bares vazios
Onde o refrão
pudéssemos cantar juntos,
onde pudéssemos acreditar
mudar o mundo
Sendo guiados
pela mesma fome
que faz girar tudo
que se consome
A humanidade está habitando
a mesma casa e
não pisando o mesmo chão
Em cada gota de água
em cada sede de sumo,
há demonstração da força
do silencio e solidão
Não foi o tempo, foi o espaço
o limiar de civilização
as unhas negras de terra
amparando estrelas ao caírem em vão
A Esperança de um moribundo é
a absurda condensação do Domingo
Adriane Lima
Arte by John Broph
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