terça-feira, 16 de outubro de 2012

Ah, eu era tão borboleta ...


 
 
cores pulsantes
contruir-me esse casulo
foi tão amargurante

me vesti de fantasias
para ser mais uma figurante

perdi ossos
perdi laços
perdi o voo

nesse palco
nessa vida
segui um sonho tão distante

quem atualmente
me escuta pensa que emudeci para sempre

mas eu peço silêncio

hoje as palavras são as flores
onde me atiro encarecidamente

dorme em meu ventre a larva
o branco da suavidade
o roxo da cegueira

nuances de lilás
nascem a sombra da lua

o fim da tarde conhece meus desencontros




Adri Lima







Arte by Ragen Mendenhall

Validades




A minha avó esperava
seu amado na janela
por aquela rua estreita e mal iluminada
cheiro de flores sem ser primavera

sabia sempre  que ele vinha
era a certeza do amor  esperado
aparecer no momento combinado

nem que fosse por segundos
isso valia mais que  o mundo

a minha mãe esperava
seu amado no portão
abria a ele a porta da frente 
de seu fechado coração

em noites de luas,estrelas ou escuridão
sabia sempre  que ele vinha
era a certeza do encontro marcado

entre sorrisos e recados
restos de confissão
isso valia mais que mundo

e eu
onde te espero entre dias e poesias

horas que passam sem te encontrar
essa é a certeza de um amor complicado
que não devo nada esperar


coloco as mãos no peito
um sinal de minha solidão

desafiando  minha coragem
nessa viagem que tem dias 
que nem sei quem sou...




Adriane Lima 




Arte by  Olga Larionova

Meras profecias





 
Em noite frias e escuras
Lá fora silencia a lua
E aqui dentro vou tecendo
meus pesares em carne crua

Daquilo que me vai além
não sei o caminho e
o seu fim tampouco

Sinto sufoco...

dentro de mim só peno
pelo abandono vivo em
caminhos de desertos loucos

Não há flores e
minha'alma sabe
onde se instalaram as dores

como quem pariu
um filho solto no mundo
e por ele reza
cada segundo

e então vira profeta
para não sonhar mais
os devaneios de um poeta...

 
Adriane Lima
arte by Michel Orgier 
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