terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Motivo (ad) verso





De memórias transitórias
se faz a fome do tempo
as certezas frágeis das horas

sobre a fumaça
sobe a fumaça

efemeridade camuflada
saudade?
difícil saber

eu, gata escaldada
não dou um pio

 


Adriane Lima




Arte by Anna Rose Bain

Argumentos de vidro



Que motivos
tenho para acreditar
deter algo
dentro e fora
de meus assombros

o calor chega
é preciso me despir
o inverno chega
é preciso me vestir

e quem sou eu
para ditar regras
parar o sinal
pensar nas horas

o carro corre
tenho tempo
para falar
a tarde morre
tenho tempo
para amar

e quem sou eu
para o inesperado?

quando pairo
sobre uma cidade inteira
o tempo voa lá fora
sinto uma paz
comprada
muito embora
conheça o preço dela

tudo não passa
de filosofia
das últimas horas
onde as palavras
parecem
ser escolhidas
a dedos

para não trincar
a benevolência
dos que ainda
romantizam
o crepúsculo

para afirmar
que ainda
a noite pesada
gerará sobre nossas
metamorfoses
seres alados
e livres

escudos e bandeiras
que se fragilizam
diante da delicadeza
do tempo

vendo os olhos
nesse véu de poesia
onde um dia
me achaste
descoberta

e fecho os lábios
feito pétalas
em botão
para que renasçam
contra o tempo

feito as asas
arrancadas
de meu nada
assim
hospedo nas horas
apenas o cenário
dessa paz
dissimulada

e deixo
meu amor
andar sozinho
mesmo dizendo:

- naquela manhã
fomos felizes para sempre






 Adriane Lima





Arte by  Craig Tracy
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