quarta-feira, 26 de junho de 2013

Métricas silenciosas

 
Há uma lacuna
entre a voz e a palavra
há um silêncio
entre letras soltas
e um caderno jogado ao chão

a poética adormece
em um canto latente dentro de mim
não há notas
somente noites
onde pareço aprendiz
dessa viagem encantada

o que um dia nascera do nada
também feneceu
a flor dos poemas secaram
como secam lágrimas
como evaporam mares
como exalam suores

adocicado sal das dores
e nesse átimo de tempo
entre o desejo de escrever
e o ato de esquecer
vou aprendendo a viver
minha quietude

como se soubesse desabotoar
o tempo das rimas à esmo
desfaço os versos
e dentro desse mágico instante
percebo minha melhor derrota

a de saber-me
dona de minhas falas
e ter sido autora de meus silêncios
hoje,me dei conta do frio invernal

hiberna em minha boca
o gosto de um dia de sol
onde não há pressa
sei que as estações mudam
a flor da poesia me aguardará
em um coração primaveril

 
 
Adriane Lima
 
 
Arte by  Hernan Javier Muñoz
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