terça-feira, 27 de agosto de 2013

Entre mares e asas

 
Vamos abrir o silêncio das palavras
esse ruidoso silêncio interno
lugares habitados por vazios
e banhado por dissonâncias

nada mais tênue que essa
linha imaginária
nada mais tênue que essa
frágil recordação

um segundo e o coração
se descompassa
um segundo e o sonho
se despedaça
um segundo e dor
se estilhaça

e vem o gesto , o movimento
o salto, o arrepio, a centelha
de saber-se viva sob esse
imponente céu de estrelas luzidias

prazeiroso alimento
que mantém a certeza acesa
os mistérios apresentados
a saborosa adivinhação

hoje não admito o sono
da comodidade
o pouco é tudo
que não me cabe

no papel não deixarei recados
o tempo não resiste a eles
estrelas se quebram
ao entrar na atmosfera

uma ponta desse brilho
desfaz-se no silêncio
da madrugada
ouviremos isso
um ponto forte
é reticente no lugar errado
ouviremos isso

há um mundo adormecido
desejando ser acordado
há um manto onírico
em todos os achados

ousaremos
quebrar silêncios
vamos nos encontrar
onde eles se perderam

basta respirar,respirar
e não mais, mudar de ideia

eu?
eu já fui embora por inteiro

 
 
Adriane Lima
 
Arte by Paul  Kelley

Onde reverbera o silêncio

 
 
Em teu sonho
de musa
nem te ocultas
em entrelinhas
se dá sem recusas

melodias inventa
em linguagem poética
corpo em oferenda
aos minutos da eternidade

cama à mesa
depois reze,reze...

entre o porre e a libido
bebei o vinho
que te cabe
e o pão em forma de libertação
daí aos poetas e mendigos

confesse aos anjos
e aos demônios
tua dose de heresia

se vives de
versículos e versos
tão rimados
seria único
o teu amor amado

oh, heresia disfarçada
ovelhas em pastos doces

nutres ansiedades
foge dos limites
que a mantém acesa

não pela fé
e sim, pela certeza
de que até de sutilezas
vivem os descomungados

na poesia há paraíso

 
 
Adriane  Lima
 
 
Arte by Brita Seifert 
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