segunda-feira, 12 de maio de 2014

Entre cantigas de ninar


 
 
Efemeridade pétrea
sob terna postura
entre o ponto cego
mantém-se segura
seus olhos de lince
entendem a excêntrica
vastidão humana
mãe, eterna vazante
seus olhos de maresia
dedica aos filhos poemas
os óvulos de sua resistência atávica
levando o perfume das letras in vitro 
 
 
 
 
 
 
 
Adriane Lima
 
 
 
 
 
 
 
Arte by  Pierre Mornet

Sonhos encobertos

 
 
 
 Fomos palavras
desejando a frase corpo
fomos braços
circundando a vontade texto
fomos silêncio
calando o verbo interno
fomos pele
traduzindo a quente paixão
 
fomos o que somos
dores
perigos
suturas
abrigos
 
tardio instante
quase amantes
morrendo em sonhos
fomos sobreviventes
em cio de animais carentes
 
que mesmo tendo dono
inflamam em matéria composta
por gemidos de prazer
escrevendo em braille
onde a língua alcança
 
 
 
 
Adriane Lima
 
 
 
 
 
Arte by  Sergio Martinez

Hoje,é outra hora

 
 
 
 
Eu sou a farsa
desses teus olhos calmos
eu sou a ária
desses teus ouvidos moucos
eu sou a seda esgarçada
que pouco esquenta tua pele
eu sou a força
para a dor de tuas costas rijas
eu sou a dança
que não aprendestes por preguiça
eu sou metade
espalhando o cheiro
em tua outra metade
causando interiormente
tua dor e teu alarde
 
 
 
 
Adriane Lima
 
 
 
 
Arte by  Douglas Hofmann
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