segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Desígnio do tempo



Enquanto envelheço
as palavras vão ficando
cada vez mais novas

As rimas melódicas
que me acompanhavam
criaram asas, mudaram-se
de alma.

Renasceram em outra cerne,
outros dedos em pinças as
costuram, outras bocas as declamam,
e as alimentam com todas
as sementes que não permiti brotar

Bem que eu mereço essa aridez de
palavras, esse silêncio mordaz
por detrás de um sorriso em carne viva

Hoje, a página em branco também
é o poema
construído de angústia e desgosto

No poema não há mais alvoroço e
as palavras são pássaros que migraram
para outra estação além de todo esse espaço
que habito







Adriane Lima




Arte by Galya Bukova
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