segunda-feira, 12 de março de 2018

Meu casulo azul



Eu, hoje, quem sou?
meu mundo, objeto tão

feito de questionamentos
sou as lembranças, 

bagunças e andanças
que tentei organizar

meu baú de memórias
boas e velhas histórias
meu lugar de morar
o vazio do tom sépia,
com cheiro de algo guardado
por alguém tão particular

eu hoje, plena de vida
sempre a duvidar, 
da tal esperança contida
na bolha de sabão, 
que se perde no ar

é brisa que passa, 
dor que transpassa e
eu sentada, na sala de estar


logo eu, que sempre mantive
a vida para cima,
tapando com unguento
os golpes de esgrima
as decepções que conduzem ao pensar:

talvez, meu lado de dentro
não seja tão forte

de fora, entusiasmo, delírio  
vindos dos estragos e má sorte

onde o espelho me mostra 
diariamente, que sou perecível
e mesmo assim reinvento casulos

me guardo, e consumo 
o fel das dores de cada mágoa 
retida, que deixei passar

tudo arde, e me detém
fugir é instintivo 
voar em poesia, todos os dias,
é livra-me desse campo minado




Adriane Lima






Arte by Miguel Angelo Avataneo


















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