segunda-feira, 5 de março de 2012

Por onde andei...


Caminhando por ruas
com nome de flor
céu azul me cobre 
sinto imensa alegria
dentro de mim
Velhas paisagens
não mais escuras
não mais saudade

pedras desertos
em forma de flor
areias roxas
novidades
Rua de imagens
seu movimento 
cheia de gente
de olhares sóbrios
tão apressados
E eu tão presa
em meu momento
de observar cada detalhe
esqueci do tempo
e da eternidade
Somos passagens
entre cidades
flores abertas
mantos coloridos
brancos de frio
Meu arrepio
grande vontade
de não mais acabar
toda essa latinidade



Adriane Lima



Arte by  Jack Vettriano

Vita Brevis...

Vida...
é cedo ainda
não me leve
 
quero sentir o sabor
e os dissabores
de teu abrigo
e se preciso
rasgar a pele

degustar o que ainda
não provei
novos ares
caminhos que não andei
tuas montanhas em neve
teu meditarrâneo
tuas marés
quero abraçar
mundo inteiro

Do frio
ao torpor azul
 
Oh, via-láctea
que me cobre
manto derradeiro

estou aqui só de passagem
e te observo feito um
pastor aos seus cordeiros

Vida, não pode ser
tão breve
tenho muito que aprender 
e ser mais leve
arrancar as mágoas
que me pesam

A natureza respeito
em sua magnitude
ao amor servi
mais que a miúde
 
Fiz de mim o que não pude
para só ir embora
quando desejar
não venha agora, me confrontar

Vida, não estou pronta
para te deixar



Adriane Lima





Arte by Pascal Chove 

Fragmento em negro




Vivo oprimida
num sonho constante
num mundo oscilante
entre amar e esquecer

Esse amor amargor
só provoca dor
tão pouco sereno
é suave veneno
que minou em mim

Esse amor que é
denso e etéreo
é mesmo impropério
vive-lo assim

Minhas dores
nem sentes
és ausente
de alma lavada
de mãos já levadas
para outra direção

Vivo de teu eco
das migalhas recolhidas
às cegas me sufoco
e a carne esfolada em dores
de abertas feridas

Sou reflexo dissonante
e porque sei os dois lados de tudo
me calo nesse querer
ando por entre ruas
buscando não me perder

Todas as palavras
não as sinto como flores
são pedras atiradas
que obrigastes meu peito
à carregar

 




Adriane Lima





Arte by Michelle Van Cotthen

Meu personagem




Na batalha da vida
essa luz escondida
nessa noite invadida
meu sonho conduz

Seus olhos, segredos
meu mundo, meu medo
me prende, me rende
me inventa e seduz

Me habita e transfigura
meu amor, minha postura
de ser ritmo manso
em minha dor milenar

Me prende em seu espaço
me chama com seu olhar
saberei ser magia 
seja noite ou dia

Do instante vivido
por nós traduzido
num tom visceral





Adriane Lima






Arte by Michele Van Cotthen

Cão Cativo




 

E como um animal
que lhe deram espaço reduzido
ele nada sabe das verdades a buscar

Hoje não crê em sonhos
tem o espírito falido
asas cortadas de seu voo solitário

Imenso céu azul
que o beija distraído
as flores de um jardim esquecido
cheiro de cravo, jasmim ,hortelã
perfumes soltos no ar

Saber momentos,sentir o tempo
que carrega sentimentos de
um lado para outro,sem parar
vento na janela , esvoaça e descortina

Corpo que tenta se libertar
notívagos choros
nele,um despertar
 

Como um cão sem dono
que pede carinho ao
primeiro que passar



Adriane Lima






Arte by  Mark Arian 
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