domingo, 14 de junho de 2015

O pulsar de meu destino




Hoje eu senti
um desejo enorme
de criar poeticamente um homem


visceral embora apaixonado
angustiado pela pequenez do mundo
que o consome, em sua indiferença


um homem que ame o amor
e o desejo que advém dele
destemido e frágil diante
da mulher amada


daquele tipo sonhador
que colhe flores
antes de busca-la em casa
que puxa o gatilho
perante o medo
de seu universo intocado


firme e viril nas armadilhas da carne
um homem que vista
o perfume do mistério
e habite no olhar tudo que observa


um homem de natureza febril
pátrio, real e hostil
em sua luta diária


que torne sempre
a ser esse homem
enquanto seus músculos
abraçam e derretem o silêncio


me ensinando algo
que eu não tenha aprendido até aqui






Adriane Lima










Arte by Juan Manuel Cossio


Entre espaços consensuais



Numa guerra sistêmica
entre a paixão e o desejo
em nossos corpos, arde o perfume
e te proponho o doce embate
no enigmático cair da tarde


eu abro os braços
você neles mergulha
eu roço sua nuca
com a ponta dos dedos
você se vira doando a boca


eu escorrego pelo seu corpo
você me puxa pelos cabelos
eu inauguro nosso lençol
você me cobre de beijos


eu faço estradas pelo seu corpo
você cavalga em meus precipícios
um sistema para abrigar outro sistema


assim, entregamos nossas reservas
com as palavras do silêncio
num leve e traz de corpo e pele


carne e sonho se incendeiam
águas incontroláveis, vão se encontrando
entre sal, saliva e suor
como quem toca o inesperado
deciframos os códigos sagrados
dessa guerra que não foi feita para ser vencida







Adriane Lima






Arte by Michael O'Neal   

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