segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Colecionadora de rastros

 
 
 
 
A solidão traz na luz da noite
vagarosas lembranças
do que foi grande, do que foi pequeno
 
enlaço-me entre a insônia e
o travesseiro, na ânsia de
agarrar o que não tem tamanho e
por isso foi perdido.
 
o tempo em que não pude
sentar-me ao seu lado, ser a dona
de tuas fantasias mais puras e por
elas minimizar teus fantasmas
 
há em meus dias o peso e
não culpa, de não ter me
agarrado em teus braços e pernas
como um animal que arrasta a cria.
 
talvez hoje, meus versos
sejam adversos a dor
cúmplices da saudade
da infância, do pranto submerso
também de minha inocência
 
não sei se a vida nos dará tempo
de inverter papéis de mãe e filha
e entender que ontem é destino
e eu também era uma criança
repleta de desamparo e fantasias 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Adriane Lima
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Arte by Daryl Zang  

Asas da existência




Como falar de mim
se tantas vezes você
é minha melhor parte
quando sou apenas eu

minha casa deixa de ser asa
não acolho e não sei voar
solidão e solitude
dão as mãos 
loucas para tocarem

nossas fragilidades






Adriane Lima





Arte by Catrin Weltz Stein

Dos descuidos




Meus olhos embriagados
aceitaram o beijo roubado
em concretude de pele
os desejos são ávidos
episódios humanos.
um único piscar de olhos
me foi entregue





Adriane Lima 







Arte by  Johanne Cullen

Estações adversas






Em nossos poemas de amor
tudo era semente e se fortalecia
bastou cair a primeira pétala
e todas palavras desaprenderam
rimas e viraram fábulas




Adriane Lima  







Arte by Andrew Link
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