segunda-feira, 31 de agosto de 2015

O escudo do gesto

 
 
Guardei na estante
teu silêncio de facas cortantes
sobre minhas palavras
que saem galopantes
e acabam por suspiros
emolduradas entre volúpias
 
Há uma paz desconcertante
em nossas paredes de abraços
meu medo observa em cada canto
e me protege do que sinto
 
É uma mistura de desejo e temor
de dores já conhecidas
é falta de coragem
para dizer que é amor
tensionando o sangue
negando toda essa alegria irrefreável
 
Quando permanecemos quietos
e me olha profundamente
sei que nossa fronteira é verbal
e visceral nossos sentidos
 
Todas as palavras me parecem
um vendaval, que seus lábios
aprenderam a represar nos meus
e me ensinar afetos
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Adriane Lima
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Arte by  Kailyn Page

O escuro das palavras

 
 
Tenho aprendido a me comunicar
com a alma de teus olhos
a telepatia de tua boca calada
que escancarada me fala sensivelmente
de vocábulos e desejos
 
Através das pupilas dilatadas
percebo o ensaio dos verbos entre frestas
rasgando entrelinhas de verdades
 
decifrar-te?
 
Beber e matar minha sede de palavras
em nossas línguas juntas
no silêncio do quarto
entre músicas e teu abraço
 
A memória do tato
a salinidade dos corpos
faz com que me esqueça pretextos
calendários e coisas sem importância
 
A absoluta escuridão da madrugada
ofertou nos a entrega
nesta hora calada, despi ressonâncias
 
 
 
 
 
 
Adriane Lima
 
 
 
 
 
 
 
Arte by Debi Star  

Exilío da asa




Amou-me lagarta
presa na dor
quando virei borboleta
por mim perdeu o afeto
Eu me tornara livre demais
para seu uniVerso concreto








Adriane Lima








Arte by Monica Boemska
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