quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Dona das asas

 
 
Porque ela
com sua voz singela
vem e modela em mim
imagens que já não existem
 
Porque ela
tão bela e dona de si
com suas palavras
me amordaça
 
Porque ela
tão beija-flor
me faz gavião
 
Porque ela
ao cruzar o meu chão
muda o sim e o não
 
Porque ela
me deu asas
enquanto lhe dei ninho
 
Porque ela
será sempre :
perdição e caminho 
 
 
 
 
 
Adriane Lima
 
 
 
 
Arte by  Huggues Gillet

Silêncio das horas vazias



A nudez do silêncio
me apavora
é a nudez interna
de minha alma que chora
 
quando em mim
a música silencia
eu não sou o que sou
ou quero acreditar ser
 
ao amanhecer dos dias
finjo que vivo
onde vou, levo meu avesso
e muito de meu instinto
 
quem eu sou e quem eu sonho
a incerteza do futuro
ou o olhar sobre ele
muro tênue de vaga espera
 
essa angústia amordaçante
não me deixa sair pensamentos
grande mistério dos pássaros
que nunca hesitam
 
sinto que vou morrer
sem o entusiasmo da nudez das horas
costuraram imagens sobrepostas
não vejo mais o que via
 
fecho os olhos para a mágoa
e para tanta covardia
 
vou calando com meus botões
permitindo que a linha da vida
pregue suas peças sozinha
quem sabe ali, o avesso é mais bonito

 

 

 
Adriane Lima

 

 

 

 
Arte by Pat Erickson 
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