terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

O medo da luz



Faminta era tua boca
de lobo enjaulado
salivava desejo
em busca de carne

Entre frestas do dia
pousava uma borboleta
em tuas dores conhecidas

Dividindo assim
o caos humano de cada um
a réstia do gozo imantado
de um incômodo passado
 
As palavras eram elos
colorífica aceitação
por estarem perdidos
num mundo habitado
por cães adestrados

Era a certeza de não pertencer
a esse mundo, além da poesia
de pertencerem 
a natureza de todas as coisas




Adriane Lima









Arte by Michael Creese

O que pulsa além dos olhos




Meu peito mistura amores
nele tudo cabe
amores que amei, os que julguei amar
e então acreditei, tudo abarcar

remanso mar transparente
que com o corpo abracei
o que a mente aceitou
sentimentalizar

destino dado a solidão
amor nascido de palavras
associação de verbos intermináveis
imperativa forma de se doar

meu amor crescia nas folhagens
nas encostas e carpadas
na aspereza e no medo

na neblina onde as cegas caminhava
desejando o reflexo
onde a carne já faltava





Adriane Lima






Arte by Loui Jover
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