domingo, 1 de fevereiro de 2015
Uivo sagrado
Houve dias
de solidão e lamento
o peito doía
sem você dentro
houve dias
de silêncio e agonia
o peito sabia
viver a hemorragia
houve dias
de reaprender a viver
saber-se outro
tocando a vida com a boca
saboreando cada pranto
como se fossem palavras
para aliciar sonhadores
Adriane Lima
Arte by Alejandra Pulido
Sob asas marcadas
Talvez sejamos
um engodo mitológico
ou uma epopéia grega
que respira calada
por séculos
talvez sejamos
a ausência de pontes
nessa escuridão necessária
de noites sem lua
talvez sejamos
a música que ecoa
na tarde cansada
presa ao fio
do tempo que perdura
talvez sejamos
todos os invernos
que juntos passamos
carregando os verões
em um candelabro solar
preso em algum solstício
talvez sejamos
a carta marcada
na mão do ilusionista
como memórias táteis
oriundas de artifícios
talvez sejamos
apenas o retrato
do quadro abstrato
com um pretexto imaginário
de nossa alma de artista
Adriane Lima
Arte by Sergio Cerchi
Ondas e elos
A ordem da vida escoa
e nada espera a ebulição
há um vapor
de natureza volátil
liberto em meu peito
ponto de fuga, noite adentro
a casa virou uma acrobata
descolou do chão
fogo que arde
entra águas e luzes
um arquipélago de dedos
roçam a pele
entre beijos atemporais
peixes coloridos
adormecidos em meu umbigo
sorveram as chuvas
sob o vestido
descortino a madrugada
em tentadores olhos corporais
Adriane Lima
Arte by Juan Manuel Cossio
Um destino e um amor
Minha alma invisível
foi se encontrar
com a tua
um elo perdido
entre o desconhecido
uma luz de sol novo
contemplou nosso aluar
e pude sentir o mundo
em uma sensível casca de ovo
desse frágil amor antigo
Adriane Lima
Arte by Nishant Dange
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