terça-feira, 21 de agosto de 2012

Poema sem essência



Não é sempre
que se faz nascer palavras
do útero seco de um poeta

aborta-se a saudade 
e os amores
para que possam
externar as dores

serenidade nem sempre
é sua grandeza

humildade nem sempre
é seu esforço

e a pequenez desses atos
fazem o elo do desgaste
então diário,
entre o poeta real
e o homem imaginário

e quando o poema já nascido
é lido, assumido e mastigado

lá vem o poeta lapida-lo
para que pelos olhos
dos demais ele seja adotado

e o homem perde-se diante
de tal gesto
pela polidez de sua alma
que esvazia 

- eu bem sei

que preciso parir poemas
para agarrar-me a terra
até a altura de minha
vulnerabilidade ...



Adriane Lima




 Imagem by Steven Kenny

Redoma

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