segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Correntes de um castelo

 
 
Se a dor que sinto
não lhe diz nada
pouco importa
hoje a porta fechada 
fez meus olhos enxergar

castelo de prisões
guardavam princesas
em seus porões

porões de pensamentos
e não de palavras
porões de silêncios
e não de carinhos

chegaram
os ratos famintos
as penumbras constantes
os hábitos dissonantes

e apagaram o que
já estava escuro

vozes não ecoavam
conselhos não bastavam
e a injustiça se coroou

o cansaço diário
o olhar visionário
por gerações se consagraram

e nada disso adiantou

era pouco o que eu tinha
era muito o que eu dava

e a falta mais amarga
era do espírito da verdade
do calor e intensidade

do laço a se desmanchar

e assim mais uma sina
se cumpriu
e as portas
do destino ou do acaso
entre nós, se abriu

as dores foram muitas
desde a ausência do visível
a mais terna falsidade

flechas fincadas em meu corpo
causaram torpor
aterros e agruras
me conduziram à loucura

do que restou

efeito antigo e recente
que absorvo descrente
se já aprendi a carregar

artilharias diárias 

condições ordinárias
que nem um santo poderia suportar

peso de lã em cordeiro
se há pecados no mundo
que sejam de amor verdadeiro
só por eles vale à pena sangrar

 









 Adriane Lima


Arte  by Cristofle Lorain  
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